Fátima parece ter voltado aos tempos pré pandemia. Na véspera da peregrinação de agosto, os parques de estacionamento encheram-se de automóveis com matrículas portuguesas, francesas, belgas, alemãs, uma mistura que denota mais confiança dos peregrinos, muitos deles já vacinados.

Alda Matos e o marido Alcino vieram do Luxemburgo, como habitualmente fazem.

Este ano, o objetivo é “cumprir uma promessa” revelou a emigrante que pôs a hipótese de “voltar para a semana”.

Veio sem receio do vírus. “Já no ano passado cá viemos e estava isto tão mau” afirma a sexagenária, confiante no uso da máscara e na vacina que o casal e família já receberam.

Sobre a apresentação do certificado digital Covid-19, Alda Matos disse não ser problema. “Já vimos preparados com tudo e até já fomos jantar num restaurante em Mortágua”.

Já Lúcia e José Vicente vieram de Lisboa com destino a Lamego. Pararam em Fátima para “pôr umas velinhas”, mas depararam-se com uma fila no tocheiro.

“Não dá para pôr velinhas porque é muita gente”, disse Lúcia, reconhecendo não ter vindo à espera de tão grande afluência durante a semana. “Como vou para Lamego, ponho-as lá no santuário de Nossa Senhora dos Remédios” acrescentou a reformada.

Mas o movimento começou logo no início do mês, o que trouxe a esperança aos comerciantes que vêm agora uma oportunidade para salvar o negócio.

“Tem sido relativamente melhor comparado com outros meses” disse Eunice Pereira à Renascença.

A comerciante vê os clientes a entrarem no espaço exíguo, mas cheio de artigos religiosos. Como o são todas as pequenas lojas da praça junto à Casa de Nossa Senhora do Carmo.

Rita Reis, funcionária de outra loja confirmou que “no mês de agosto já se nota um pouco mais de movimento”. Os peregrinos pedem “o costume”. A saber: “velinhas, tercinhos e lembranças para levarem aos familiares”, ou seja, “nada fora do comum”.

“Alguns ainda vêm com receio” (do vírus), mas “como nós temos todos os cuidados em termos de desinfetante e estamos sempre de máscara” eles veem que não há perigo, “até porque mantemos a distância”, garantiu Rita Reis.

Já Lurdes Oliveira, outra lojista, disse mesmo que o mês de agosto “está a dar para compensar” as perdas do ano passado, pelo que acredita que será “um bom mês”.

A julgar pela grande afluência destes dias ao santuário de Fátima é de esperar que o santuário alcance a lotação máxima nesta peregrinação que é especialmente dedicada aos migrantes.