Esta é a campanha do duplo desafio para o PCP. Por um lado, é o primeiro grande desafio eleitoral do novo líder, por outro lado – e o mais importante -, como vai sair a representação parlamentar da CDU. Com meia campanha oficial feita, na comitiva, o discurso é sempre positivo. Paulo Raimundo e outros dirigentes afirmam, com vigor, que estão “a crescer”, que o resultado está “em construção” e lembram que as sondagens muitas vezes já erraram.

Enquanto sublinham, e assim se verifica, que o acolhimento nas ruas é favorável, reconhecem que nem sempre a simpatia se traduz em votos. Por isso, asseguram que o mais importante são os contactos que vão sendo feitos e recordam que há mais campanha da CDU nas ruas do que aquela que os jornalistas veem.

Do lado dos parceiros de coligação, esta semana a Renascença falou com Heloísa Apolónia, do partido ecologista “Os Verdes”. Heloísa explicava que, em 2022, muitos votantes terão deixado a CDU por não terem compreendido a abstenção no Orçamento de 2021. No entanto, assegura, agora essas pessoas dizem que já compreendem as razões para essa abstenção e que nestas eleições voltarão a colocar a cruz na foice e no martelo com o girassol ao lado.

Quanto a Paulo Raimundo, o novo líder tem-se revelado de conversa fácil e elástica, que, ao mesmo tempo que ouve as queixas das pessoas que o abordam, faz uma ponte com os jornalistas que o acompanham e uma ligação aos discursos que vai proferindo. A prioridade é exigir valorização dos salários dos trabalhadores, maior desenvolvimento da saúde e da escola pública. Há também os ataques à direita, de forma indiscriminada juntando PSD, CDS, Chega e Iniciativa Liberal no mesmo saco. À esquerda, o PS é o alvo mais recorrente, afirmando que quanto maior é a votação no PS, mais à direita os socialistas governam.

Paulo Raimundo não abre muito a porta a cenários políticos. O mote está mais virado para a necessidade de reforço da votação na CDU, o objetivo traçado é duplicar os seis deputados que conseguiram em 2022, regressando a números alcançados em 2019. O resto são contas que se fazem depois.

O programa desta primeira semana de campanha passou sobretudo por contactos com trabalhadores, alguns almoços ou jantares e alguma rua – arruadas de curtas distâncias e pelo menos um comício diário. Para a semana o programa intensifica-se, sobretudo ao nível das arruadas.

Última nota: nesta campanha quase todas as iniciativas terminam ao som de duas trilhas, primeiro a “Grândola”, depois o hino nacional. É uma campanha virada para a memória de abril que tem feito ouvir com força “fascismo nunca mais”.