Veja também


A passagem de Pedro Passos Coelho pela campanha da Aliança Democrática (AD) deixou marcas. Foi usada pelos partidos que integraram a "geringonça" para lembrar os tempos da troika, os cortes de salários e pensões, por André Ventura para o colar ao Chega dizendo mesmo que o antigo primeiro-ministro ainda ia entrar para o seu partido. E mesmo na campanha da AD, Luís Montenegro teve de prometer que se demite se cortar as pensões de reforma.

Na arruada em Portalegre, as ruas são estreitas e quase não cabe a comitiva, mas Montenegro entra em todas as lojas e cafés. Num deles, espreita pela montra e vê quatro mulheres sentadas a uma mesa e entra confiante. Não estava à espera que a conversa durasse largos minutos e logo sobre o corte de pensões.

Uma delas pede para não lhe cortarem a reforma, a outra, mas atrevida, diz que não gosta de o ver ao lado de Pedro Passos Coelho.

“Não me tirem a minha reformazinha”, pediu uma das mulheres, dizendo que não acredita em promessas eleitorais.

Luís Montenegro tenta argumentar, mas perante a resistência acaba por deixar a promessa: “Vou-vos dizer aqui uma coisa que nunca disse na campanha, vou-vos dizer aqui pela primeira vez, para ser muito claro sobre isso: se eu algum dia tiver de cortar um cêntimo numa reforma, demito-me" disse o líder do PSD e candidato a primeiro-ministro.

O compromisso estava feito e Luís Montenegro foi forçado a contrariar a ideia de que o Governo de Passos Coelho “tenha roubado” as pensões e explicou que o antigo primeiro-ministro foi obrigado a tomar certas decisões por causa da situação em que os socialistas tinham deixado o país.

Mas a tarefa não estava fácil e uma das mulheres desabafou, dizendo que agora “já tinham medo”, o que Luis Montenegro a responder que essa é a estratégia dos adversários nesta campanha eleitoral.

Para além das pensões de reforma, Luís Montenegro teve ainda de reagir à declaração de Passos Coelho sobre como os imigrantes causam um problema de segurança no país.

O líder do PSD reconheceu que há realidades que não são benéficas e lembrou o caso dos dois imigrantes que morreram num incêndio em Lisboa. "Esse tipo de situação acaba por traduzir-se numa instabilidade tal dessas pessoas que, aos olhos de todos, nós tememos pela nossa segurança. É normal que isso aconteça".

"Eu não estou a dizer que as pessoas vêm do estrangeiro para Portugal têm essa tendência para criar problemas, mas criam um sentimento, quando não são bem integradas, e esse sentimento tem de ser combatido, como é evidente", referiu Luís Montenegro.

O líder do PSD passou o dia a ser confrontado com a presença de Passos Coelho e, apesar do antigo primeiro-ministro o ter pressionado a vencer as eleições legislativas de 10 de março, garante que não está arrependido de ter feito o convite.

“Era o que faltava. Não, de maneira nenhuma”, respondeu o líder da Aliança Democrática.