Tiago Pereira, que integra a direção da Ordem dos Psicólogos, defendeu esta terça-feira à Renascença a importância de se discutir o fenómeno do vício em jogos, nomeadamente em raspadinhas, para se conseguirem encontrar soluções para o problema.

No dia em que foi apresentado um estudo do Conselho Económico e Social (CES) em parceria com a Universidade do Minho, que indica que haverá 100 mil portugueses viciados em raspadinhas, o psicólogo vê como positiva a criação de um cartão do jogador, dada a acessibilidade a este tipo de jogo de sorte e azar.

"Efetivamente acaba por ser muito fácil para as pessoas, particularmente para as pessoas que têm mais dificuldade em controlar o comportamento aditivo, acederem ao jogo. É próximo das pessoas e relativamente barato de jogar, é objetivamente muito acessível", refere Tiago Pereira.

"Temos mesmo de pensar se deve existir publicidade ao jogo, se o jogo deve ser tão simples de jogar e pensar se se está, de facto, a proteger os direitos das pessoas com características aditivas", conclui o psicólogo.

De acordo com as conclusões do estudo do CES, são sobretudo as pessoas com menores rendimentos e menos habilitações que mais jogam na raspadinha. Do total identificado, cerca de 30 mil pessoas assumem um comportamento patológico.

Só em 2020, os portugueses gastaram 1,4 mil milhões de euros em raspadinhas, o equivalente a quatro milhões de euros por dia.