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Reduzir a pressão da água, cortar na rega de espaços públicos, apelos contra o desperdício, são algumas das medidas que as autarquias já estão a tomar um pouco por todo o país. O Governo admite a possibilidade de racionamento de água, em algumas atividades.

O cenário é preocupante. O país atravessa uma vaga de altas temperaturas e, em junho, 67,9% de Portugal continental estava em seca severa e 28.4 % em seca extrema, segundo os últimos dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Num contexto de alterações climáticas, em que a água é um bem cada vez mais escasso e precioso, a população tem um papel fundamental na luta contra o desperdício de água. Lavar carros, pátios, passeios e ruas, regar o jardim ou encher piscinas particulares são exemplos de procedimentos a evitar, nos próximos tempos.

Viseu reduz pressão da água na rede pública

A pressão da água na rede pública de Viseu foi reduzida no início do mês como medida preventiva.

O diretor dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS), Carlos Tomás, adianta que esta semana serão apresentadas mais medidas para poupar água.

Além da redução da pressão, entre as medidas já adotadas pela autarquia de Viseu está a “redução de tempo de rega dos espaços públicos, à semelhança do que se fez em 2017”, ano em que a Barragem de Fagilde teve de ser abastecida por camiões-cisterna.

“Desde esse ano que também tem havido uma redução dos espaços regados, ou seja, dos espaços verdes”, explicou este responsável que, a título de exemplo, apontou os separadores centrais das vias rodoviárias onde deixou de haver relva.

Mirandela reduz rega e lavagem de ruas

A Câmara de Mirandela, no distrito de Bragança, reduziu em 60% a rega de jardins públicos e lavagem de ruas.

A autarquia transmontana apela ao uso racional da água, apesar de garantir que o consumo humano está assegurado.

O Nordeste Transmontano encontra-se em seca extrema e a região é caracterizada por temperaturas extremas no verão.

Num concelho onde os termómetros ultrapassam frequentemente os 40 graus celsius, a Câmara de Mirandela decidiu também lançar uma campanha de sensibilização junto da população com o lema “Ela não cai do céu. Poupe água”.

Chaves prepara medidas de contingência

Sensibilização, fiscalização, abastecimentos pelos bombeiros ou restrições pontuais, são algumas das medidas de contingência que estão a ser preparadas pela Câmara de Chaves.

O plano será implementado de acordo com o agravamento da situação de escassez de água, explica o autarca Nuno Vaz. Poderá ser necessário “tomar decisões de racionar a utilização da água”, admite.

Novas captações, o melhoramento de outras, os novos furos hertzianos, a reparação de depósitos, a substituição de condutas e a implementação de novos mecanismos de monitorização e controlo de perdas da rede pública, são algumas das ações já realizadas.

A Câmara de Chaves está, também, a preparar uma campanha de sensibilização junto da população. “Mais importante do que a resposta das entidades gestoras, câmaras, juntas, é a resposta individual e coletiva dos cidadãos porque essa vai garantir que há água”, afirma Nuno Vaz.

Em algumas aldeias do concelho já está a ser feito o transporte pelos autotanques dos bombeiros para os depósitos que fornecem água às populações, mais cedo do que noutros anos.

Em relação à agricultura, Nuno Vaz defende que é preciso “introduzir processos de eficiência”, como por exemplo a irrigação por precisão, na atividade agrícola para garantir que “há menos desperdício de água”.

Área Metropolitana do Porto traça plano

A Área Metropolitana do Porto (AMP) “traçou um plano” para “melhorar e racionalizar uso da água” que pretende “servir de exemplo” e “agir de forma preventiva” no combate à escassez daquele recurso.

De acordo com o presidente da AMP, Eduardo Vítor Rodrigues, o Plano Metropolitano para a poupança da água, apresentado esta semana e aprovado pelos 17 municípios da AMP, resulta de um protocolo com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

No âmbito desta iniciativa, a AMP vai promover “ações de sensibilização direta” durante a época balnear para a importância do “bom uso” da água nas zonas balneares e de lazer, financiar “políticas de rega sustentáveis”, criar um “manual de boas práticas” sobre regra de jardins públicos, fontanários e outros equipamentos, um concurso vocacionado para as escolas para desenvolverem “propostas de intervenção numa lógica de democracia participativa” e duas “grandes conferências” temáticas em dois concelhos da AMP.

O plano da AMP prevê também a criação de um “manual de boas práticas” a “ser desenvolvido por especialistas, seja da Faculdade de Arquitetura, seja da de Engenharia que fique e que sirva além da AMP, que seja utilizado por outras autarquias e entidades”.

Eduardo Vítor adiantou que o Plano Metropolitano para a poupança da água “vai ser contratualizado em breve” e que “ainda este mês de julho” vai ter as primeiras ações.

Todas as gotas contam em Leiria

Os Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) de Leiria pedem à população que faça uma utilização “contida e regrada” da água devido à situação de seca no país.

“Apelamos à mudança de comportamentos e a uma utilização contida e regrada da água para consumo humano. Lavar carros, lavar pátios, passeios e ruas, regar o jardim ou encher piscinas particulares são exemplos de procedimentos a evitar”, referem os SMAS de Leiria.

A empresa adianta que, na esfera operacional, está a implementar o plano de deteção de consumos ilícitos e a monitorizar o nível de água nas captações.

Por outro lado, a empresa vai ainda reforçar a divulgação da campanha “Todas as gotas contam” que tem como objetivo “consciencializar a população para a adoção de boas práticas na utilização da água com vista à racionalização dos consumos”.

Águas do Baixo Mondego e Gândara apela para o "uso contido e racional da água"

A Águas do Baixo Mondego e Gândara (ABMG) apela ao “uso contido e racional” da água, no âmbito da previsão do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) de aumento das temperaturas nos próximos dias.

A empresa intermunicipal ABMG pede, nas plataformas digitais, para o “uso contido e racional da água para consumo humano, limitando essa utilização aos fins mais nobres a que a mesma se destina, nomeadamente, aos usos domésticos, como é o do consumo para hidratação, da confeção de alimentos, da higiene e de cuidados primários de saúde”.

Todas as restantes utilizações, “nomeadamente, lavagens de espaços, materiais, equipamentos e viaturas, regas, refrigeração, arrefecimento” e outras, consideradas secundárias, “deverão remeter-se ao mínimo imprescindível”.

Desperdício “pode condicionar o abastecimento e dificultar o combate aos fogos”

As Águas do Ribatejo (AR) lançaram um apelo aos consumidores para reduzirem o consumo de água devido às temperaturas que podem chegar, nos próximos dias, aos 45 graus em vários concelhos do distrito de Santarém.

Em comunicado, a empresa intermunicipal, que serve cerca de 150 mil pessoas dos concelhos de Almeirim, Alpiarça, Benavente, Chamusca, Coruche, Salvaterra de Magos e Torres Novas, adverte que o “uso supérfluo” de água da rede pública “pode condicionar o abastecimento e dificultar o combate aos fogos”.

A AR pede aos seus clientes para evitarem regas, lavagens de pátios, passeios e ruas e o enchimento de piscinas com água tratada para consumo humano.

Governo admite racionamento de água

O Governo garante que, apesar da seca, o país tem água para consumo humano nos próximos dois anos, mas admitiu racionamentos em determinadas zonas do país, relativamente a alguns usos, como na agricultura.

A garantia foi dada no início de julho, pelo secretário de Estado da Conservação da Natureza, das Florestas e Ordenamento do Território, João Catarino, à margem de uma visita ao concelho de Terras de Bouro, distrito de Braga, onde foi assinalar a melhoria das condições de visitação do Parque Nacional da Peneda Gerês.

Por seu lado, a ministra da Agricultura admite novas restrições ao uso de água para fins agrícolas. Sem especificar que regiões ou culturas podem vir a ser afetadas, Maria do Céu Antunes confessa-se preocupada e justifica eventuais medidas, com a necessidade de assegurar o futuro.

“Do ponto de vista da agricultura, as situações difíceis estão identificadas e com medidas de contingência a serem aplicadas, mas se esta situação continuar vamos ter necessidade, a todo o tempo, de a rever e aplicar aquilo que está previsto em cada um dos planos de contingência das albufeiras que são de fins agrícolas”, afirmou Maria do Céu Antunes.

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