Rita Valadas, Presidente da Cáritas Portuguesa, dá razão às palavras de Marcelo Rebelo de Sousa: a pandemia veio tornar a realidade dos sem-abrigo mais complexa. É, por isso, muito provável que até ao final do seu mandato não possível erradicar este problema. Nas ruas, já não “é só homens”. “São mulheres sozinhas ou famílias” e também “migrantes”, conta à Renascença.


De acordo com a líder da Cáritas, “não há uma solução que resolva o problema de todos os sem-abrigo”. É necessário mais investimento “na resposta de alojamento, no projeto de vida, na solução da situação que os levou à rua, que pode ser uma razão de falta de trabalhou ou uma situação de grande descompensação psicossocial, a ausência de família. Cada caso é uma situação”.

À Renascença, Rita Valadas admite que o “sonho” de Marcelo se tornou mais difícil de atingir com a pandemia. Por isso mesmo, as palavras do Presidente da República são de alguém “realista”.

“É óbvio que a pandemia complexificou muito a situação social e, portanto, seria ainda mais difícil este sonho do nosso Presidente da República. Era um sonho um bocadinho difícil de cumprir, porque para resolver o problema dos sem-abrigo, na minha opinião, não são só precisas casas. A complexidade do problema é muito grande e há recursos que nós ainda não temos no terreno para resolver esta situação”, afirma.

Na noite de Natal, o Presidente da República visitou o centro de acolhimento para pessoas em situação de sem-abrigo localizado no Quartel de Santa Bárbara, em Lisboa.

Em declarações aos jornalistas, Marcelo afirmou que o número de pessoas em situação de sem-abrigo diminuiu quando o país estava a recuperar da última crise económica e "apontava-se para 2023 no sentido de, salvo aqueles que quisessem continuar na rua, todos os que não quisessem terem condições de acesso à habitação, de apoio na saúde mental e de reinserção profissional".

No entanto, "veio a pandemia – pensava-se uma coisa que era um ano, agora dois anos, vamos ver como é a duração –, torna imprevisível, é impossível honestamente estar a fixar metas".

"Em 2023 não é possível, obviamente, agora vai para 2025, vai para 2026, vai para 2027, depende da duração da pandemia", disse.