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O novo equipamento de proteção individual (EPI), desenvolvido por um consócio de investigadores portugueses, foi pensado para a prestação de cuidados médicos em ambientes em que existe um risco acrescido de contaminação e é considerado “eficaz, em contexto de pandemia, como a atual Covid-19”.

De acordo com o coordenador do projeto a grande inovação deste equipamento está na capacidade de reduzir significativamente o “risco de inalação de gotículas e aerossóis contaminados, que tenham sido exalados por uma outra pessoa infetada, que esteja na proximidade”.

“Trata-se de uma viseira com um sistema de ventilação que cria uma cortina de ar, de forma a promover a vedação aerodinâmica da zona de inalação relativamente às zonas circundantes e impede o embaciamento da viseira (condensação devida à respiração)”, explica Leonel de Jesus.

O novo EPI é especialmente vocacionado para profissionais de saúde que exercem a sua atividade durante períodos alargados, em ambientes onde o risco de contágio é elevado, como é o caso dos médicos dentistas.

Segundo Manuel Gameiro da Silva, coordenador da equipa da UC, “havendo três modos de transmissão por elementos patogénicos exalados a partir de um paciente infetado (por contacto, por gotas e por aerossóis), a situação de grande proximidade entre as vias respiratórias superiores do médico dentista e do seu assistente da zona de exalação de um paciente, eventualmente infetado e sentado na cadeira do consultório, pode permitir a contaminação, através de qualquer um desses modos”.

Índice de proteção acrescido

O novo equipamento, segundo o comunicado enviado à Renascença, foi pensado para ser usado “em conjunto com uma máscara facial, garantindo um índice de proteção acrescido e um melhor conforto em termos térmicos e visuais, porque o escoamento da cortina de ar contribui para o fornecimento de ar novo e fresco e para o desembaciamento da superfície interior da viseira”.

Neste contexto, foram utilizadas abordagens complementares no processo de desenvolvimento do produto, “tendo-se recorrido a simulações numéricas dos escoamentos, em que foram usados modelos virtuais do EPI e do seu utilizador, e a ensaios experimentais realizados com manequins térmicos e acústicos”, pode ler-se no comunicado.

Já no projeto e construção dos protótipos, os investigadores recorram ao desenho assistido por computador e a técnicas de prototipagem rápida por métodos aditivos.

O consórcio que desenvolveu o novo EPI reúne investigadores da Universidade de Coimbra (UC) e do Politécnico de Leiria e a SETsa, Sociedade de Engenharia e Transformação S.A., do Grupo IBEROMOLDES.

O dispositivo, já com pedido de patente submetido junto do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), foi desenvolvido no âmbito do projeto “MASK4MC – Mask for Medical Care”, liderado pela SETsa e financiado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), através do Programa Operacional Competitividade e Internacionalização do Portugal 2020.