Já foi preciso, nos últimos meses, cancelar cirurgias e procedimentos por falta de sangue.

O alerta é de Alexandre Valentim Lourenço, presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos, que promove uma campanha de apelo à dádiva de sangue neste Dia Nacional do Dador de Sangue.

“50 pessoas que deem sangue vão dar unidades que vão permitir a realização de 50 cirurgias ou a possibilidade de, em situações agudas, salvar algumas pessoas e isso é importante perceber porque, nos últimos meses, em vários hospitais, tivemos de cancelar cirurgias ou alguns procedimentos porque não havia sangue de reserva. Isso aconteceu-me na minha atividade cirurgia por duas vezes nos últimos meses”, disse o médico à Renascença, dando, assim, o seu próprio exemplo.

Por isso, a Ordem dos Médicos associa-se ao Instituto Português do Sangue e faz um apelo aos cidadãos portugueses e aos médicos. “A doação de sangue também salva muitas vidas e é importante fazermos coisas que, nesta fase, estão um bocadinho deixadas para trás por causa da pandemia e que se têm repercutido no funcionamento normal das instituições”, justifica Alexandre Valentim Lourenço.

Os doadores, sejam médicos ou não, têm de ser pessoas saudáveis, ter entre 18 e 65 anos, e sem contacto com pessoas infetadas com Covid-19 nos últimos 15 dias. Também não podem doar pessoas que tenham tido Todos os dadores terão uma avaliação prévia por um médico, que faz um questionário específico.

“É importante perceber que durante estes meses houve menos dádivas porque os afastamentos dos utentes e dos dadores dos vários centros onde são feitas as colheitas foi um reflexo da infeção e, por isso, temos de recuperar muito porque também queremos recuperar os tratamentos e as cirurgias que ficaram por fazer durante os últimos meses. Por isso, estamos a reforçar este apelo e a dar o exemplo. Ou seja, os médicos estão a dar eles próprios o seu sangue para ajudar nesta recuperação de vários doentes que estão em espera”, diz o dirigente da Ordem.

As reservas “variam muito de dia para dia”, diz Alexandre Valentim Lourenço. Depois de um apelo feito em janeiro, foi possível aumentar as dádivas, mas durante este tempo também foram canceladas ou adiadas por causa da pandemia e que agora é preciso recuperar. E para as fazer é preciso aumentar as reservas de sangue.

Quanto ao tipo de sangue, o dirigente da Ordem dos Médicos diz que pedem a todos “porque todos os sangues são necessários”, mas lembra que o tipo 0 negativo por ser dador universal e, portanto, usado nas situações de emergência é sempre muito necessário e não é um tipo dominante na população portuguesa.

Alexandre Valentim Lourenço também faz questão e lembrar que, além deste dia, é possível a qualquer cidadão ir em qualquer dia ao serviço de sangue de qualquer hospital ou ao Instituo Português do Sangue e doar.

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