Milhares de agentes da Polícia de Segurança Pública (PSP) e militares da Guarda Nacional Republicana (GNR) manifestaram-se esta quinta-feira em Lisboa, exigindo aumentos salariais e o cumprimento de uma série de promessas feitas pelo Governo de António Costa na anterior legislatura.

A manifestação partiu do Marquês de Pombal em direção à Assembleia da República, onde centenas de elementos das forças de segurança cantaram o hino nacional de costas voltadas para o Parlamento, que estava cercado por agentes fardados em serviço e por autênticas barreiras formadas por carros colados uns aos outros.

Ao longo da tarde, o corpo de segurança esteve presente em força nas imediações da AR, impedindo o acesso ao edifício quer pela Calçada da Estrela, quer pela Rua de São Bento.

Por volta das 17h, André Ventura, deputado único do partido de extrema-direita Chega, juntou-se aos manifestantes. Envergando uma t-shirt do "Movimento Zero", com a qual já tinha assistido ao plenário da Assembleia da República, Ventura desceu à manifestação, discursou no sistema de som da organização e circulou entre os manifestantes sob fortes aplausos.

Ventura não foi o único deputado a passar pela manifestação, mas só ele teve direito a discurso pelos altifalantes, atraindo as atenções da maioria da comunicação social.

Logo a seguir, a maioria dos manifestantes dedicou uma salva de palmas aos colegas de serviço, que estão a garantir a segurança e a ordem no local.

"Zero! Zero!", em referência ao lema que deu o mote a este protesto, "Polícia unida jamais será vencida!" e "Cabrita, escuta, a polícia está na luta" foram alguns dos gritos de protesto ouvidos ao longo da tarde. As t-shirts brancas do chamado "Movimento Zero", que horas antes estavam à venda por um euro no Parque Eduardo VII, antes de o protesto arrancar para o Parlamento, eram nota forte entre os manifestantes.

Durante todo o protesto, o movimento inorgânico ligado à extrema-direita distribuiu panfletos entre os manifestantes, no qual exigia "respeito, dignidade e valorização".

"Os polícias nunca tiveram tanta razão para sair à rua como hoje", clamaram as organizações sindicais que convocaram o protesto. Entre as músicas escolhidas para animar o protesto contaram-se "Chamem a polícia", dos Trabalhadores do Comércio, e "Sexta-feira", de Boss AC.

Num comunicado divulgado pela Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) e a Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR), as forças de segurança prometem uma nova manifestação para dia 21 de janeiro caso as reivindicações da classe não sejam atendidas até lá.

Por volta das 18h, os manifestantes começaram a desmobilizar. Muitos vieram de outras partes do país para se juntarem ao protesto e tinham partida marcada para essa hora nos autocarros que os trouxeram até Lisboa.

Acompanhando a desmobilização, a maioria dos elementos do Corpo de Intervenção da PSP foi abandonando a escadaria do Parlamento, restando algumas dezenas de manifestantes no local.

Dali, um grupo deles, ligado ao "Movimento Zero", seguiu para o Terreiro do Paço, a fim de prestarem homenagem aos elementos da PSP que participaram na manifestação de 1989 que ficou conhecida como "secos e molhados", quando agentes de serviço usaram canhões de água contra os colegas em protesto.

Fonte da PSP disse à Renascença que alguns elementos das forças de segurança foram destacados para o local.


*editado por Joana Azevedo Viana