Está a deixar de se ouvir o coaxar dos sapos parteiros na Serra da Estrela. Uma investigação conclui que, em cerca de uma década, 70% da população desapareceu do ponto mais alto de Portugal Continental.

Gonçalo Rosa, doutorando na Universidade de Kent, no Reino Unido, e no Centro de Biologia Ambiental da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), monitorizou esta comunidade ao longo de dois anos.

O investigador concluiu que “quase 70% da população de sapos parteiros desapareceu dos pontos onde tinham sido previamente vistos e abundantes na década de 90”.

“Há dez anos, quando se passeava na Serra da Estrela na altura da Primavera, ouviam-se bastante esses assobios dos sapos parteiros a chamarem as fêmeas e hoje em dia é muito raro”, sublinha Gonçalo Rosa.

Os sapos estão a desaparecer da Serra da Estrela devido a uma doença provocada por um fugo aquático. As consequências da diminuição destes anfíbios não se limitam a deixar de ouvir o canto dos sapos, alerta o investigador Gonçalo Rosa. “São óptimos para controlar pragas e, ao mesmo tempo, são também a base da alimentação de muitas outras espécies de cobras, lagartos, e acaba por ser uma fonte de alimentação que se perde naquela área e depois põe em perigo todas essas outras espécies que dependem desses recursos alimentares”, refere.

Gonçalo Rosa vai continuar a fazer a monitorização das populações de anfíbios na Serra da Estrela. Neste momento está a estudar as salamandras. O último estudo da comunidade de anfíbios na Serra da estrela datava da década de 90.