O Presidente do Sudão do Sul pede desculpa ao povo pela guerra civil que durou cinco anos, depois de assinado um novo acordo de paz para o país.

“Enquanto vosso Presidente, quero pedir desculpa, em nome de todas as partes, pelo que vos causámos, nosso povo", disse Salva Kiir durante uma cerimónia nesta quarta-feira, na capital, Juba, que marcou o fim do conflito iniciado em 2013.

"O dia de hoje marca o fim da guerra na República do Sudão do Sul. Foi uma traição total do nosso povo e da luta pela libertação", acrescentou o chefe de Estado da nação, independente do Sudão desde 2011.

Nas celebrações, esteve presente o principal opositor de Kiir, o líder insurgente Riek Machar, que regressou a Juba mais de dois anos depois de ter sido forçado a abandonar a capital.

Machar deverá agora voltar à vice-Presidência do Sudão do Sul, cargo que ocupava até ao rebentar do conflito.

Durante a cerimónia, Machar afirmou que o seu regresso a Juba mostra que o seu movimento era "pela paz" e apelou a que todos os militantes abandonassem a violência.

"Todos os soldados serão trazidos para trabalhar em conjunto", disse Machar, que acrescentou que "todos os rebeldes com armas devem pousá-las (...) pela paz".

O líder da missão das Nações Unidas no Sudão do Sul, David Shearer, avisou que "há muito trabalho pela frente" para assegurar que o novo acordo será cumprido.

O Presidente do Sudão do Sul anunciou ainda que iria libertar dois presos políticos condenados à morte.

Os detidos, James Gatdet, o antigo porta-voz de Machar, e o sul-africano William Endley, antigo conselheiro do líder rebelde, foram condenados à pena de morte em fevereiro e deverão ser libertados na quinta-feira, sendo que este último será deportado para a África do Sul.

Além de Kiir e Machar, também os chefes de Estado do Sudão, Uganda e Somália marcaram presença.

Na sua participação nas cerimónias, o Presidente do Uganda, Yoweri Museveni, felicitou o Sudão do Sul pelo fim do conflito que se estima ter matado 400 mil pessoas.

"Tenho a certeza que este é o fim do conflito [no país]", afirmou o líder ugandês.

O Sudão do Sul, independente do Sudão desde 2011, é palco desde dezembro de 2013 de uma guerra, resultado de um conflito de poder entre Kiir e Machar, que já causou dezenas de milhares de mortos e perto de quatro milhões de deslocados, bem como uma crise humanitária.