A teoria (e a política) económica começaram a abordar sistematicamente as questões relacionadas com o crescimento económico desde os anos quarenta do século passado. Oitenta anos para o desenvolvimento de um corpo de conhecimentos científicos é pouco tempo. Mas no caso do crescimento económico a rapidez da mudança das sociedades é de tal ordem que o “pouco tempo” é afinal muito se consideramos as mudanças que a teoria tem sofrido, num esforço melhor ou pior sucedido de acompanhar as transformações das sociedades.

Há 80 anos, admitia-se que o principal factor que permitia acelerar o crescimento económico era o capital fixo, ou seja, o equipamento existente na economia. Desta forma, a acumulação de capital fixo era o essencial a ter em consideração para impulsionar o crescimento.
Mas, rapidamente os economistas se foram apercebendo que esta explicação não colava com a realidade. E logo nos anos sessenta se começou a verificar que mais importante que a acumulação de capital era a melhoria na utilização do capital e da mão-de-obra existentes na economia que explicava o crescimento. Aquilo que se começou a designar por progresso técnico ou crescimento da produtividade total dos factores. Esta concepção dava prioridade aos chamados investimentos em capital humano ou seja, à qualificação da mão-de-obra, a qual tinha um duplo efeito positivo sobre o crescimento: permitia uma melhoria da produtividade do trabalho com o equipamento e o conhecimento existentes e tinha também um impacto muito positivo no progresso técnico.
Porém, desde que, principalmente a partir dos anos noventa, se começou a verificar que o crescimento estava condicionado por limitações importantes de tipo ambiental, o capital fixo - sem apagar a necessidade dos investimentos em qualificação da mão-de-obra - passou de novo a estar no centro das atenções: não só porque o investimento em capital fixo é o principal veículo da introdução do progresso técnico como também porque é necessário muito investimento para substituir produções e consumos poluentes (em sentido amplo) por tecnologias mais amigas do ambiente.
E aqui - aí de nós - Portugal está mal e não é de agora. Um indicador apenas: em 2000, dedicávamos 28% do PIB a investimento em capital fixo. Hoje, essa proporção não chega a 21%. Espero poder voltar ao tema.