O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, olha com otimismo para o futuro próximo, apesar da crise que tem vindo a desacelerar a economia portuguesa.

Numa conferência promovida pelo jornal económico “Eco”, Centeno considerou “exemplar” o trabalho feito em Portugal e na Europa na crise de 2020, nomeadamente ao nível da dívida e das folgas orçamentais.

“Quando ouvimos falar em folgas orçamentais devemo-nos perguntar exatamente o que é que estamos a falar porque o Estado, de forma, eu vou dizer exemplar, aqui e na Europa, deu a resposta que tinha que dar à crise de 2020”, disse Centeno, acrescentando de seguida que não se pode “pedir sempre a mesma resposta, perante as mesmas circunstâncias”.

Ao nível das empresas, Mário Centeno destacou, por exemplo, as poupanças feitas pelas empresas.

“Pela primeira vez, num contexto de crise, as empresas aumentaram as suas poupanças em Portugal. Não o tinham feito em 2008, o que fragilizou a resposta no contexto da divida soberana, fizeram-no em 2020. Os depósitos, que é um indicador dessas poupanças. aumentaram nas empresas, em 2020, oito mil milhões de euros, ou seja, a dívida líquida das empresas, em 2020, caiu”, argumentou

Nesta intervenção, Centeno manifestou, ainda assim, preocupações em torno da inflação que, diz, será “mais elevada e menos temporária”. O governador do banco central receia, por exemplo, que seja encarada “com normalidade o aumento dos preços e efeitos de segunda ordem”.