Business Roundtable Portugal (BRP). Tem nome inglês a nova associação empresarial apresentada esta terça-feira, que junta 42 das maiores empresas do país.

O presidente, Vasco de Mello (chairman do Grupo José de Mello), diz que querem colocar Portugal entre os 15 mais ricos da União Europeia e melhorar o emprego e os salários, essa é a medida do sucesso da iniciativa: “se não formos capazes de pôr Portugal a crescer mais, não teremos cumprido o nosso objetivo”.

O método de trabalho passa pela criação de grupos de trabalho. “Vamos identificar as áreas onde pensamos ter soluções exequíveis, pragmáticas, que tenham resultados além do envolvimento das nossas empresas, em termos de melhores remunerações e melhor emprego, mais qualificado”, detalha Vasco de Melo.

A nova associação vai ainda apostar na qualificação e requalificação dos portugueses. Cláudia Azevedo, vice-presidente da BRP, explica que esta é uma reforma prioritária.

A CEO da Sonae lembra que “50% das horas trabalhadas em Portugal são em tarefas que sabemos que vão ser substituídas por robôs. Um estudo da CIP e da Nova dizia que até 2030 temos que urgentemente qualificar ou requalificar 1.1 milhões de portugueses, porque o seu posto de trabalho está em risco”.

Apontam ainda as áreas em que o governo deve intervir, que consideram obstáculos à atividade empresarial: sistema judicial e justiça económica, tributação, licenciamentos e regulação.

Vasco de Mello garante também que não querem substituir nenhuma das estruturas que já existem, nomeadamente ao nível da Concertação Social, pretendem ser um complemento. Aparecem nesta altura, em resposta à crise, e porque “a nível nacional estamos a traçar o rumo para os próximos anos”.

Sobre a bazuca apontada ao país, Cláudia Azevedo explica que o objetivo é evitar fazer o mesmo, mas com mais dinheiro: “Vêm muitos fundos para Portugal, com uma pressão de tempo também grande para executar, é preciso parar para pensar, porque se fizermos exatamente a mesma coisa não vai funcionar. Vamos lançar um projeto-piloto de requalificação, parar não pode ser muito tempo, mas a ideia é não aplicar as mesmas receitas do passado, simplesmente com mais dinheiro”.

Defendem a independência da associação, mas não querem trabalhar sozinhos. Prometem apresentar as propostas à sociedade e ao governo, mas estão prontos e disponíveis para as aplicar a solo, se necessário.

Para já são 42 empresas, que no primeiro ano da pandemia acumularam 82 mil milhões em receitas, empregam 382 mil trabalhadores e pagam em média acima de duas vezes o salário mínimo nacional.

Admitem abrir as portas a mais associados no futuro, mas só depois de validarem o conceito. Para já representam uma importante fatia da riqueza produzida, em áreas tão diversas como a Agroindústria, banca e seguros, construção, media, energia, cortiça, turismo e tecnologia. No entanto, ainda há sectores que não estão representados, como o calçado, por não terem empresas com o perfil exigido.