Carlos Pereira perdeu as eleições do Marítimo em outubro de 2021. Porém, quase dois anos depois, continua a deter três empresas do universo do clube madeirense e recusa-se a entregá-las, revela a atual direção à Renascença.
Após a ida às urnas, o antigo presidente, que liderou o clube durante 24 anos, prometeu publicamente que iria abdicar da gestão das empresas. “Já estou a preparar a renúncia a todas elas”, disse. Mas tal ainda não aconteceu em alguns casos.
Os documentos a que a Renascença teve acesso revelam que as empresas Marítimo TV, Marítimo SGPS e Marítimo GPI continuam, neste momento, no nome de Carlos Pereira, como gerente ou presidente.
Nenhuma está ligada – formalmente – ao clube, apesar de terem recebido empréstimos dos cofres do Marítimo e de deterem o terreno onde foi construído o centro de treinos de Santo António.
O facto da atual direção do Marítimo não gerir estas empresas dá origem a situações singulares.
Por exemplo: é o clube que paga os ordenados dos funcionários da Marítimo TV - até aos dias de hoje a produzir conteúdo audiovisual sobre o clube - e a cobrir as despesas dos veículos também em nome destas empresas, mas que são diariamente utilizados pelo Marítimo. Situações reveladas à Renascença pelo atual presidente Rui Fontes.
“O Marítimo paga os ordenados porque entende que estão a servir o clube. É estranho, é hilariante, eu sei, mas o que quer? Há pessoas que saem e acham sempre que vão regressar um dia”, aponta o dirigente, referindo-se a Carlos Pereira.
O ex-presidente tem rejeitado sucessivos pedidos para entregar as empresas ao Marítimo, o que leva a direção a ponderar ações mais drásticas. “Não faz sentido não pertencerem ao Marítimo. Queremos dialogar. Se não for possível terá de ir para a via judicial”, ameaça.
Ao lado do nome de Carlos Pereira, nos documentos consultados, surgem também o do filho - Carlos Maurício Jardim Pereira, que ocupa o cargo de vice-presidente na GPI e gerentes da SGPS – e o de Marco Alexandre da Costa - ex-diretor geral do Marítimo, vogal do conselho de administração da Marítimo GPI.
E emergem outros detalhes: a Marítimo TV é detida na totalidade pela Marítimo GPI. Já 98% da Marítimo SGPS pertence a Gaspar Avelino Nóbrega – cidadão anónimo - e 2% a Carlos Pereira.
Algumas fontes ouvidas pela Renascença dizem que Gaspar é funcionário das empresas privadas do ex-presidente.