Para que serviu a conferência nacional do PCP deste fim de semana? Para mudar de líder, mas sobretudo, fazer um progressivo acerto de rota que melhore os resultados eleitorais do partido. É o regresso absoluto às ruas, à contestação social e ao namoro porta a porta, numa espécie de campanha eleitoral permanente
Antigo deputado comunista considera que as “circunstâncias mudaram”, mas “o partido não”. António Filipe aponta para a Geringonça como ponto alto da liderança de Jerónimo, e admite que vai ter saudades.
No último discurso de Jerónimo de Sousa como líder comunista ficaram os alertas sobre a maioria absoluta do PS "alcançada na base de uma operação de chantagem e mistificação". O ainda secretário-geral do PCP define ainda o caderno de encargos do sucessor: reforço do partido ou "a ligação e o trabalho com outros democratas e patriotas".
Jerónimo de Sousa faz, este sábado, o último discurso como secretário-geral do PCP e, no domingo, Paulo Raimundo é entronizado como o novo líder. Partido procura agora recuperar as bases, chegar aos jovens e intensificar a presença nas ruas.
Foi com lágrimas nos olhos, muitos aplausos e emoção que vários militantes e simpatizantes do PCP receberam Jerónimo de Sousa, que considerou que "uma das maiores alegrias" que tem é "sentir os afetos e o reconhecimento" pela forma como esteve e está na política".
Sobre os vários casos de suspeitas que envolvem socialistas, Jerónimo de Sousa afirmou, “com clareza”, que não vê “todos os eleitos do Partido Socialista como um grupo de malfeitores”.
A origem, o percurso de vida, as capacidades políticas, a experiência e as qualidades humanas. Foram estes os critérios do Comité Central para a escolha de Paulo Raimundo como futuro líder do partido. João Oliveira, um dos nomes que insistentemente vinha sendo apontado para suceder a Jerónimo de Sousa, fala de uma "solução certa" e admite que camaradas seus tenham sido apanhados de surpresa. Não é o caso deste dirigente, membro da comissão política do PCP, que já tinha identificado em Raimundo os tais critérios.
Na semana após a renúncia de Jerónimo de Sousa aos cargos de secretário-geral do PCP e de deputado na Assembleia da República, João Oliveira, antigo líder parlamentar comunista, é o convidado do programa Hora da Verdade.
Em vésperas da conferência nacional deste fim-de-semana, que vai eleger o novo líder, o PCP tem como primeiro desafio a "capacidade de diálogo" e de "encontrar pontes com todos", incluindo os "muitos desiludidos do PS". João Oliveira garante em entrevista ao programa Hora da Verdade da Renascença e do jornal Público que "nada disto está pensado em função dos resultados eleitorais ou do reforço" do partido, mas admite que os comunistas precisam de "criar condições para o alargamento da influência política e social do PCP, incluindo da influência eleitoral".