Já há interessados em adquirir a Dielmar, empresa de confeção, sediada em Alcains, que ainda há dez dias entrou em insolvência. Sinais de que algo estava mal no reino de Alcains eram muitos, mas ninguém esperava a notícia tão cedo. Durante a pandemia, com as linhas de produção vazias, a empresa deixou expirar o seguro de saúde dos trabalhadores e o serviço de medicina no trabalho. Esta segunda-feira à tarde, em frente à Câmara de Castelo Branco, os 300 funcionários no limbo do desemprego vão manifestar-se.
Na última semana, houve dois contactos de potenciais interessados. A Renascença apurou que, em 2017, também houve duas empresas interessadas em adquirir a Dielmar. Na época, a administração não quis ouvir as propostas.
Tutela indica que várias entidades públicas injetaram cerca de cinco milhões de euros na empresa, tendo ainda garantido mais três milhões de euros de dívida, que pressupunham "a realização de um conjunto de medidas necessárias à reestruturação". Mas a maioria das medidas não foi aplicada.
É portuguesa e chegou a ser a marca oficial da seleção de futebol, mas a pandemia ditou-lhe o fim. Até março, faturou perto de 700 mil euros, quando no mesmo período do ano anterior tinha chegado aos cinco milhões de euros.
Moratórias foram elemento tampão que permitiu às famílias portuguesas manterem-se à tona num ano de forte crise. No entanto, especialistas lembram que, em resultado da crise de 2008, o pico das insolvências pessoais e de famílias só ocorreu em 2013.
O valor total em causa nem é muito alto, quando comparado com o bolo de quase de 40 mil milhões de euros das moratórias. Mas são 48 mil contratos que vão deixar algumas famílias sob grande pressão. Experiência diz que são os mais carenciados a recorrer a estes créditos.