“Eu soube que o Governo estava em greve quando ia para o meu lugar de trabalho no Terreiro do Paço. Soube pelo noticiário das 9h00 que estávamos em greve, isto é, que o Governo, como atitude de contestação a essa atuação política e militar na região de Lisboa, quis assim contrariá-la”.
Na memória de Artur Santos Silva estão também outros dias, muitos anos antes da Revolução dos Cravos, aquando da campanha de Humberto Delgado, no Porto. Tinha então jovens 16 anos, mas não lhe sai da memória a enchente que tomou as ruas do Porto e o papel que o seu avô teve então.
“Foi o meu avô que o recebeu [Humberto Delgado] na sede de candidatura na praça Carlos Alberto e depois o comício à noite, no Coliseu, onde eu estive, foi um momento extraordinário com a entrada dele na sala, em ombros de três ou quatro pessoas, uma delas, eu reconheci, era o meu professor de alemão!”.
Artur Santos recorda também os saneamentos na banca no período a seguir à Revolução, o episódio em que viu o seu pai deputado fechado dentro do Parlamento durante o cerco à Assembleia e muitas outras memórias para ouvir no podcast Avenida da Liberdade, nas plataformas digitais, como a Popcasts.