É mais fácil comprar casas climatizadas do que arrendar. Há três cidades que não têm casas para arrendar com ar condicionado: Beja, Guarda e Portalegre.
As carências habitacionais da Área Metropolitana de Lisboa não são novas, mas a Covid-19 veio agravá-las. Há famílias em que o emprego desapareceu, deixaram de poder pagar a casa, e uma barraca foi a forma de sobreviver. Em Loures, pelo menos 20 foram construídas no bairro do Talude Militar, mas a associação Habita diz que há muitos mais casos na região.
Aproveitam-se do desespero dos que ficaram sem casa por causa da crise económica, que está a chegar com a covid-19, para os aliciar com uma nova habitação abarracada a troco de poucos milhares de euros. A autarquia já identificou dezenas de moradias nestas condições e quer pôr fim a esta ilegalidade.
Empresas não conseguem dar resposta à procura devido à falta de mão de obra. Após a crise de 2008, muitos trabalhadores saíram de Portugal. E agora não vão voltar. Sem imigração, não será possível fazer a “substituição geracional” que não está a acontecer, defende Ricardo Pedrosa Gomes, presidente da Associação de Empresas de Construção e Obras Públicas e Serviços.
O aumento de preços das matérias-primas está a fazer derrapar os orçamentos – ajustados já no ano passado - de muitas empresas de construção civil. Algumas empresas já se recusam a dar orçamentos, outras diminuíram o prazo de validade dos mesmos.
Moradores que viram as suas casas demolidas estão a ser acompanhados pela Segurança Social, diz a autarquia, que alerta para a “proliferação de redes de negócio ilegal” com habitações precárias.
Em março, a Câmara do Porto lançou um concurso para a construção de 232 fogos no Monte da Bela, onde, até 2007, existia o bairro social São Vicente de Paulo. Antigos moradores, então obrigados a sair, querem voltar, mas, apesar de metade dos fogos ir ficar na posse do município, os valores do Programa de Arrendamento Acessível tornam o regresso impossível. Movimento Habitação Hoje! critica moldes do negócio e diz que, no final, o município ficará a perder.
“Robustecer o parque habitacional” do Estado - de 2% para 5% até ao final de legislatura - é investir na criação de um Serviço Nacional de Habitação, defende Marina Gonçalves, secretária de Estado da Habitação, em entrevista à Renascença.
Os apoios passam também a abranger empresários em nome individual, bem como negócios que tenham alterado de localização devido aos efeitos da pandemia.