Entre 30 e 50 mil pessoas assistem, todas as jornadas, aos diferentes jogos que decorrem em simultâneo. “Há jornadas com jogos mais interessantes. A chuva e o sol também afetam, mas uma boa jornada facilmente chega às 50 mil visualizações”, contextualiza o diretor de comunicação da AF Aveiro e um dos principais impulsionadores do projeto, Pedro Abelha.
Até hoje, pouco falhou e todos os jogos tiveram transmissão em direto. O que por si só é um feito, consideram os responsáveis. O campeonato é distrital e amador, ou seja, a maioria dos envolvidos - jogadores, treinadores e dirigentes - subsiste à base de outras profissões, o que acarreta dificuldades na logística das transmissões. Há muitos imprevistos.
“No tempo das chuvas, os clubes com relva natural ficam em péssimo estado e alteram-se os estádios. Passa-se para o das camadas jovens e temos de adaptar rapidamente a logística”, explica Pedro Abelha.
Os bons resultados trazem responsabilidade acrescida para “manter a qualidade e o nível da transmissão”. Esse é o compromisso da AFA: “As pessoas confiam, daí as visualizações."
E contextualiza os números. Coloca-os no mesmo patamar dos jogos da Liga 3, o terceiro escalão nacional, um campeonato com clubes históricos e mais dinheiro envolvido: “O nosso pior jogo é equivalente ao melhor de qualquer outra associação distrital. Os melhores estão ao nível dos grandes jogos da Liga 3, quando são transmitidos no YouTube. Obviamente que não pode ser comparado com os números da televisão."
Mas qual o custo das transmissões? Neves Coelho diz que "não é fácil quantificar", tanto mais que o investimento inicial na compra das câmaras foi feito há quase uma década. Mas garante que só é possível com apoios.
Os números das transmissões são atrativos. O principal patrocinador é uma seguradora que dá também nome à II Liga. Uma loja de calçado nacional e um hotel são também patrocinadores relevantes e ajudam a "tornar o projeto possível".
"Seria impensável os clubes sustentarem um investimento destes, independentemente de serem os beneficiários do projeto", explica o presidente.
É mais fácil contratar jogadores
No futebol distrital, a visibilidade pode ser um dos fatores mais importantes para jogadores e treinadores. Uma porta aberta para um contrato profissional, uma rampa de lançamento para o sonho de vários anos. Em Aveiro, é mais fácil tornar isso possível.
"Podem criar um veículo de promoção individual que não existe em mais lado nenhum", explica João Ferreira.
No momento de contratar, a possibilidade de autopromoção é um argumento vencedor: "Podemos cativá-los desta forma, os jogadores valorizam isso. O Espinho, por si só, já tem uma grande visibilidade, mas podemos acrescentar esta coleção de imagens como argumento. Faz a diferença quando estamos a tentar negociar com jogadores de outras associações ou do Campeonato de Portugal."
O treinador vai mais longe, apontando que há "muitos, muitos, muitos jogadores da Associação de Futebol do Porto que todos os anos torcem para vir jogar para Aveiro".