Arnaut Moreira. "Europa não tem resiliência para o curto prazo, mas vai ter de aprender"
27-02-2024 - 12:25
 • André Rodrigues

Militar português saúda posição expressa por Macron, que não exclui o envio de tropas para a Ucrânia: "Se nunca esticarmos a corda, Putin irá considerar que nunca iremos fazer nada."

Perante a possibilidade de uma guerra de muito longo prazo na Ucrânia, o general Filipe Arnaut Moreira defende que a Europa terá de aprender a ser mais resiliente.

Depois de Emmanuel Macron ter dito que não exclui o envio de tropas ocidentais para apoiar Kiev no esforço de guerra, o militar lembra, em declarações à Renascença, que "há uma lógica imperial por detrás daquilo que é o objetivo de Putin, que é conseguir outra vez restaurar as suas fronteiras de 1991. Se nunca esticarmos a corda, Putin irá ler isso como leu em 2008, quando não esticámos a corda, ou em 2014, quando não esticámos a corda. Se nunca esticarmos a corda, Putin considerará que nós não iremos fazer nada".

Às afirmações do Presidente francês, o Kremlin já respondeu, através do seu porta-voz, admitindo que o envio de tropas europeias para ajudar a Ucrânia pode tornar inevitável o confronto entre a Rússia e a NATO.

Dmitry Peskov avisa os países que tencionam enviar tropas que avaliem se um conflito é do seu interesse e dos seus cidadãos.

Questionado sobre a possibilidade de, no futuro, o fim da guerra passar pela eventual cedência da parte do território ucraniano já anexada pela Rússia, Arnaut Moreira diz não ver "forma nenhuma em que o Ocidente reconheça a posse legítima pela Federação Russa dos territórios anexados", embora admita que a História tem vários exemplos de "conflitos que terminam sem esse reconhecimento".

O que, para este oficial de Intelligence da NATO, "conduz à noção de guerra eterna que, contrariamente ao que nós achamos aqui no Ocidente, também não é boa para a Federação Russa".

Arnaut Moreira explica porquê: "em vez de estar a produzir tratores que durante 20 anos estão a aumentar o PIB, [a Rússia] está a aumentar o PIB à custa de granadas que são destruídas em milésimos de segundo".

Só que "o problema é que a Europa não tem resiliência para o curto prazo, mas vai ter de a aprender".