IPO de Lisboa perde 50 profissionais de saúde para os privados em menos de um mês
07-06-2021 - 13:29
 • Renascença

Faltam 139 enfermeiros ao instituto para que este possa funcionar em pleno, mas o Governo não está a desbloquear o processo das contratações.

Em pouco mais de um mês, desde 1 de maio, 50 profissionais de saúde saíram do IPO de Lisboa para o setor privado, noticia a TSF. Mais um problema para uma instituição a quem faltam 139 enfermeiros necessários ao pleno funcionamento. Apesar disto, o Governo ainda não deu luz verde para a contratação dos primeiros 20 enfermeiros.

À TSF, o diretor do IPO, João Oliveira, afirma que neste momento a resposta do instituto não está comprometida. “Conseguimos continuar a funcionar ao nível que temos trazido até aqui”, disse.

O que está comprometido, segundo o responsável máximo do IPO de Lisboa, é a capacidade de intensificar a resposta, “o que é absolutamente necessário, em termos quantitativos porque há listas de espera para recuperar”.

De entre a meia centena de técnicos que saíram para o privado, há 20 enfermeiros, 13 médicos, dez técnicos superiores, quatro assistentes e três auxiliares. Quando terminou o estado de emergência, saíram para o setor privado, seduzidos pelas melhores oportunidades de carreira.

Há serviços onde não se pode esticar mais as pessoas, e não podem diminuir mais a sua atividade, se não houver contratações”, enfatizou João Oliveira.

O IPO de Lisboa admite que é a falta de enfermeiros que está a travar a entrada em funcionamento das novas salas do bloco operatório, nas quais foram investidos 3,7 milhões de euros. O serviço de radioterapia enfrenta o mesmo problema. Faltam físicos para trabalhar com os aceleradores lineares, um equipamento que ajuda a prevenir e tratar o cancro.

Para o diretor do IPO, o ministério da Saúde está fazer tudo que pode para resolver a situação. No entanto, aponta as críticas a outra porta no Governo, o ministério das Finanças.

“Eu não tenho dúvida que o Ministério da Saúde está firmemente empenhado, a par dos hospitais e centros de saúde (…) mas existe esta obsessão do défice que faz com que o Ministério das Finanças restrinja as autorizações com alguma desconfiança em relação ao sistema de saúde, que podia ser mais eficaz se tivesse mais agilidade na contratação”, acrescenta João Oliveira.

À RTP, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, admite que esta situação se poderá alargar a outras unidades do país. O bastonário diz que os profissionais estão descontentes e é necessário melhorar as condições de trabalho.