Rodrigo Moita de Deus e o futuro do comércio
30-04-2021 - 18:29
 • José Bastos

CEO da Associação Portuguesa de Centros Comerciais (APCC), coordenador do 'plano de retoma do retalho' reflete sobre os efeitos da pandemia e desafios do comércio integrado.

Epicentro da modernidade no setor, os centros comerciais, mega pontos de afluência – que já vinham sentido a pressão do e-commerce – ficaram, de um só golpe, com números reduzidos de clientes (só serviços essenciais), na sequência das medidas para conter a progressão do vírus. Mas, a indústria retalhista encontra-se já em pleno movimento de resposta ao tsunami provocado pela pandemia.

Um ano depois, com as restrições a serem levantadas, os centros comerciais portugueses ao mesmo tempo que apostam na retoma formulam a si próprios perguntas complexas: como trazer milhares de pessoas de volta e em segurança? Até onde vai a ameaça do comércio eletrónico? Onde é decisivo inovar para poder sobreviver?

Depois de dois períodos prolongados de confinamento, os centros comerciais portugueses têm outro interessante teste pela frente: aferir se a sua capacidade de recuperação, tanto de afluência como de vendas, é mais rápida e substancial que outros vetores mais tradicionais do comércio retalhista.

Afinal, no pós-pandemia, os consumidores que agora procuram “compras seguras” estarão interessados em chegar de automóvel, ou outros meios, a acessos diretos e amplos a lojas onde podem comprar num ecossistema de baixa densidade de clientes e que desenvolveu esforços para ter espaços seguros e confiáveis.

A confiança vai regressar gradualmente e irá suavizar a divergência entre índices de afluência e vendas, tanto em tempo quanto em atividades. Isto é, recuperar da maior descida em afluência, porque as compras se realizam de maneira mais certeira, ou porque o e-commerce favorece o click & collect, das modalidades favoritas no novo consumo.

Assim, o desenho arquitetónico das lojas também experimentará alterações significativas. Muitas compras terão lugar online e multiplicar-se-ão algumas zonas (já existentes) para que o cliente digital não passe mais tempo do que o estritamente necessário na loja. Mais: para evitar aglomerações na recolha de produtos comprados online já há tecnologia - baseada numa app - para indicar a que distância da loja física se encontra o cliente e ultimar o pedido.

A reflexão sobre desafios do futuro e dos problemas do presente no setor que emprega em Portugal mais de 100 mil pessoas de forma direta - e 200 mil de forma indireta – é de Rodrigo Moita de Deus, presidente executivo (CEO) da Associação Portuguesa de Centros Comerciais (APCC).