Marcelo garante que nunca falou sobre Tancos com o antigo diretor da Polícia Militar
11-04-2019 - 17:08
 • Renascença com Lusa

O Presidente da República nega a conversa com antigo diretor da Polícia Judiciária Militar e acrescenta: "não posso estar de seis em seis meses a desmentir o que uma pessoa diz".

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, garantiu esta quinta-feira que o único contacto que teve com o antigo diretor da Polícia Judiciária Militar foi no fim de uma visita a Tancos mas que, apesar de Luís Vieira lhe ter pedido para falar com ele, esse contacto "nunca aconteceu".

Durante a comissão parlamentar de inquérito, o ex-diretor da Polícia Judiciária Militar disse que o Presidente da República lhe terá garantido que falaria com a Procuradoria-Geral da República sobre o inquérito ao roubo de armas. Esta tarde, Marcelo Rebelo de Sousa negou que alguma vez esse contacto tenha acontecido.

"O que se passou foi tão simples como isto: No fim da visita que fiz a Tancos o Sr. Ministro da Defesa chamou para perto de mim o Sr., então diretor da Polícia Judiciária Militar, e ele disse: ´Olhe eu gostava de falar consigo`. Nunca aconteceu isso. Até hoje. E olhando para trás provavelmente foi sensato nunca ter acontecido", disse Marcelo aos jornalistas, acrescentando que não pode estar "de seis em seis meses" a desmentir o que uma pessoa diz.

Na comissão parlamentar, o ex-diretor nacional da PJM, arguido no processo que investiga o furto e recuperação do material de guerra, contou que na tarde do dia 03 de julho falou com o então ministro da Defesa Nacional sobre o assunto e que Azeredo Lopes lhe terá dito para “aparecer” em Tancos no dia seguinte, porque iria convidar o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a visitar aquela infraestrutura crítica.

Nessa ocasião, depois da visita ao perímetro dos paióis, houve uma “reunião na casa da guarda” na qual, segundo Luís Vieira, o Presidente da República o questionou sobre o andamento das investigações.

Sobre as investigações em curso “não podia dizer nada”, mas, disse Luís Vieira, perante “dezenas de testemunhas”, disse a Marcelo Rebelo de Sousa que estava preocupado com a posição da PGR sobre a direção do inquérito, que considerou ilegal, e que o fez com insistência.

Logo a seguir ao final da audição, a Presidência da República publicou uma nota no seu “site”, referindo que, como o Presidente da República “já disse várias vezes”, no final da visita a Tancos “o então Ministro da Defesa trouxe para junto de si o então Diretor da Polícia Judiciária Militar”.

“O Presidente da República disse-lhe que haveria de o receber oportunamente, audiência que acabou por nunca se realizar”, acrescenta a nota.

“Eu partilhei com o Presidente da República do meu estado de alma com a decisão de a PGR ter violado três leis da Assembleia da República, na interpretação que eu faço, e insisti muitas vezes [no assunto] ao Presidente da República”.

Questionado pelo deputado do PSD Rui Silva, que afirmou que “não está a ver o Presidente da República a dizer que ia falar com a Procuradora” sobre o assunto, o coronel Luís Vieira respondeu: “tenho dezenas de testemunhas”.