O “Ciclo da Graça” – assim intitulado porque vai decorrer no antigo Convento da Graça, em Lisboa – vai ser inaugurado na próxima quinta-feira, 15 de julho. Francisca Gigante, coordenadora do projeto, diz à Renascença que a iniciativa tem por objetivo “dinamizar e envolver a própria comunidade da Graça e novos públicos”.
“Queremos trazer à discussão novos raciocínios, através de um pensamento humanístico, e vários tipos de artistas, não só artistas plásticos, mas também músicos, passando pelas áreas do teatro e da dança, apresentando-os enquadrados num projeto de investigação, centrados na história e na arquitetura do próprio Convento e Igreja da Graça”, explica.
A iniciativa foi organizada pela associação cultural POUSIO – Arte e Cultura. A diretora, Mafalda de Oliveira Martins, confirma que o projeto “surgiu de uma vontade muito grande em abrir um espaço para se criar um diálogo sobre a espiritualidade na arte”, um objetivo que já presidiu a outras exposições da associação, que quer “trabalhar nos artistas uma sensibilidade ao seu próprio contexto”.
“O que temos desenvolvido são projetos que ligam os artistas às comunidades, para conhecerem aquilo que os envolve e trabalharem com este objetivo, de transformarem a arte contemporânea em algo relacional e contextualizado”, sublinha.
É no claustro do Convento da Graça que tudo se vai passar. O local – que teve obras de restauro em 2017, permitindo que reabrisse ao público, assim como a portaria e a sala do capítulo - vai agora transformar-se num hub das artes.
“No dia 15 de julho iremos apresentar a primeira exposição, pensando muito no percurso da procissão da Real Irmandade dos Passos da Graça”, conta Francisca Gigante, explicando que ao longo dos próximos meses haverá “não só exposições de arte contemporânea – arte realizada para aquele espaço -, mas também eventos ao ar livre. Iremos trazer artistas a pensar o próprio espaço, com ateliers ao ar livre, agentes culturais, trazer novas vozes e expandir esta ideia e o conceito de espiritualidade”.
“Até maio de 2022 iremos, mês sim, mês não, ter esta vista privilegiada num local espiritual e histórico como é o Convento da Graça, através do claustro irradiado por uma luz, em que possamos ver não só como Deus presente na arte, mas também uma troca de conhecimento pelas mãos de artistas, autores, curadores e criativos.”
A iniciativa tem, também, um fim solidário: todos os fundos dos eventos e obras vendidas no “Ciclo da Graça” vão reverter para a reabilitação da Igreja do Convento.
“Foi-nos lançado o desafio para contribuirmos para essa causa, e de facto o ‘Ciclo da Graça’ também é uma resposta, de alguma forma, como é que os artistas se podem mobilizar para ajudar a restaurar e a preservar o património cultural, e aquilo que este património específico do Convento da Graça também alberga”, sublinha Mafalda de Oliveira Martins.
A diretora da associação POUSIO que tem muitas expectativas logo em relação à primeira exposição: “vamos percorrer um pouco daquilo que é a história e a cultura que envolve o Convento da Graça, seja pela procissão do Senhor dos Passos, seja pelos azulejos que podemos ver lá. Esta primeira exposição vai ser um percorrer toda esta informação importante e relevante na nossa história, na história de Lisboa, com um olhar contemporâneo”.
A informação sobre as exposições e atividades do ‘Ciclo da Graça’ vai ser disponibilizada “no site da POUSIO, mas também através das redes sociais“, já que uma das apostas é chegar ao público mais jovem, sublinha Francisca Gigante, que deixa o convite e a garantia: “vai valer muito a pena” passar pelo Convento da Graça.