Covid-19: ​Lisboa transfere doentes para Faro, Covilhã e Abrantes
06-01-2021 - 18:46
 • Pedro Mesquita , com redação

Capacidade esgotada nas enfermarias da capital. Presidente da Ordem dos Médicos da Região Sul acusa o Ministério da Saúde de andar atrasado duas a três semanas, desde o início da pandemia, nas decisões que devia tomar.

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A falta de capacidade em Lisboa para responder a tantos doentes Covid-19 já obrigou, no último fim de semana, à transferência de pacientes infetados para os hospitais de Faro, Covilhã e Abrantes, diz à Renascença o presidente da Ordem dos Médicos da Região Sul.

Sem disponibilidade de camas Covid nas unidades de saúde de Lisboa os pacientes foram encaminhados para outras regiões do país, afirma Alexandre Valentim Lourenço.

“Em Lisboa, a informação que temos é que em todos os hospitais centrais, mais os grandes hospitais da coroa metropolitana, as vagas de Covid estão todas cheias. Neste fim de semana, houve, inclusive, transferências de hospitais centrais para os hospitais do Algarve, Covilhã e Abrantes.”

Alexandre Valentim Lourenço adianta que Lisboa está a transferir doentes com Covid-19 que se encontram em enfermaria, “não os mais graves”.

“A área de abrangência dos hospitais de Lisboa é maior e há maior concentração de habitantes para o número de hospitais, e os hospitais de Lisboa mantiveram a produção normal nos últimos meses. O que significa que atingimos já o limite dessas enfermarias, só é possível acomodar mais doentes encerrando atividades programadas”, refere o presidente da Secção Sul da Ordem dos Médicos.

O responsável acusa o Ministério da Saúde de andar atrasado duas a três semanas, desde o início da pandemia, nas decisões que devia tomar.

“O Ministério da Saúde habituou-nos, nos últimos nove meses, a estar sempre 15 dias ou três semanas atrasado em relação ao que é racional. Aconteceu isso com o confinamento, com o desconfinamento, com as máscaras, com a retoma da atividade programada”, afirma Alexandre Valentim Lourenço nestas declarações à Renascença.

A ministra da Saúde ordenou esta quarta-feira a suspensão imediata toda a atividade não urgente nos hospitais de Lisboa e Vale do Tejo, no dia em que os novos casos de Covid-19 atingiram um novo valor máximo, com registo de mais de 10 mil infeções.

A ordem da ministra consta de um email ao presidente do Conselho de Administração dos Hospitais do SNS da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo a que os jornais “Expresso” e “Público” tiveram acesso e citam nas suas edições online.

O Ministério teme que o grande aumento de casos positivos se faça sentir numa maior procura dos hospitais nos próximos dias, numa altura em que muitos hospitais em Portugal já estão perto do seu limite.

O Governo tem dito repetidamente que tem capacidade de aumentar as vagas para casos Covid se assim for necessário e ainda resta a possibilidade de se recorrer aos hospitais privados e a soluções de emergência como os chamados hospitais de campanha.

O aumento de casos acontece cerca de duas semanas depois dos festejos do Natal, altura em que as regras de confinamento ordenadas pelo Governo foram temporariamente suspensas, apelando-se antes ao bom-senso dos portugueses.

Esta ordem dada pelo Ministério da Saúde aos hospitais de Lisboa não se aplica, por agora, à região Norte. A informação foi confirmada à Renascença pela Administração Regional de Saúde (DGS) do Norte.

A medida não seria necessária, para já, no Hospital de S. João, adiantou à Renascença o diretor do serviço de infeciologia, António Sarmento.

A Assembleia da República aprovou esta quarta-feira a renovação do estado de emergência até 15 de janeiro. Pouco depois do Presidente da República deu luz verde à medida, porque a situação pandémica em Portugal "impõe uma cuidadosa contensão".

Numa nota publicada no site da Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa argumenta que, apesar de os dados em relação ao semidesconfinamento do Natal serem escassos, "os números de casos e de mortos nos últimos dias impõe uma cuidadosa contensão".

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