Covid-19. “Começa a ser demais o castigo dos idosos nos lares”
12-04-2021 - 10:28
 • Marta Grosso , Vítor Mesquita , João Cunha

Presidente da Associação de Lares Privados diz que é tempo de a DGS rever as regras dirigidas aos mais velhos institucionalizados. “Estou ansiosa por abraçar” os netos, admite à Renascença Albertina Mendes, de 76 anos.

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Numa altura em que o país se prepara para entrar na segunda fase da vacinação, os utentes dos lares já vacinados começam a mostrar sinais de maior ansiedade para sair e contactar com os familiares.

Apesar de estarem vacinados, os idosos ainda não receberam luz verde da Direção-Geral de Saúde para terem visitas.

“Agora que começa a ser demais o castigo dos idosos nos lares, não tenho dúvida nenhuma”, reconhece o presidente da Associação de Lares Privados, João Ferreira Almeida, em declarações à Renascença.

Os mais velhos querem sair da bolha onde estão há mais de um ano. Na estrutura residencial para idosos da Associação Senhor do Bonfim, no Porto, Albertina Mendes, de 76 anos, admite que se sente ansiosa por abraçar os netos.

"Estou ansiosa por os abraçar", diz. Tal como os outros, Albertina Mendes já recebeu as duas doses da vacina contra a Covid-19, o que a deixa mais descansada. Mas falta "o outro pulo, que é ir lá fora e estar em contacto com os outros", diz uma responsável da valência centro de dia.

Américo Silva não esconde que sente “a necessidade de nos confrontarmos com a realidade lá de fora”. E Maria José Neto, de 84 anos, todos os dias pensa: “Será hoje?”.

Idosos, instituições e famílias aguardam as novas diretrizes da DGS. João Ferreira de Almeida garante que a Associação de Lares Privados ainda não foi contactada pelas autoridades de saúde ou por qualquer outra entidade. Isto, apesar de a associação levantar “esta questão na comunicação social, da necessidade de haver orientações atualizadas sobre esta matéria”.

Nos lares, contam-se os dias para o regresso aos afetos e às rotinas mais próximas da época pré-Covid.

Neste momento, há menos infetados nos lares, menos surtos ativos e as mortes diminuíram. A semana entre 29 de março e 6 de abril foi a primeira, desde o início da pandemia, em que não houve óbitos por Covid-19 em residentes em lares.

Esta evolução poderá levar a Direção-Geral da Saúde a alterar a orientação que obriga os idosos a uma quarentena de 14 dias sempre que saem da instituição por mais de 24 horas. O tema foi abordado na passada sexta-feira, numa reunião com representantes do setor social e a ministra do Trabalho Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho.