“Só há fome e desemprego” na Amazónia. Alerta frade capuchinho
27-05-2021 - 09:46
 • Olímpia Mairos

A crise provocada pela Covid-19 está a deixar famílias inteiras sem nada para viver. A situação é dramática e a Igreja distribui cabazes alimentares aos mais fragilizados.

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“Só há fome e desemprego” na Amazónia. A denúncia parte de um frade capuchinho que, em declarações à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, dá conta de “famílias nos subúrbios que não têm nada para viver”.

“Muitos vieram do interior do país e chegaram aqui na esperança de encontrar comida na cidade. Mas aqui só encontram fome e desemprego”, afirma o frei Paolo Maria Braghini, acrescentando que, “para cúmulo, agora nem sequer têm uma horta para cultivar ou o rio para pescar.”

Segundo o frade capuchinho, a situação que se vive em Manaus, a capital do Estado do Amazonas e um dos principais centros financeiros, industriais e económicos de toda a região norte, é dramática.

A grande cidade tem mais de dois milhões de habitantes e continua a atrair as populações da região que buscam aí uma vida menos dura, com a pandemia da Covid-19 a provocar o colapso dos serviços de saúde e a tornar a vida cada vez mais insustentável.

De acordo com o frei Braghini, a missão dos frades capuchinhos tem-se desdobrado na ajuda e tudo tem feito para minimizar o desespero das pessoas.

“No centro histórico de Manaus e nos seus subúrbios estamos a desenvolver um conjunto de atividades com as paróquias, incluindo cuidar dos sem-abrigo, prestar cuidados espirituais, ouvir confissões e também trabalhar em conjunto com equipas de leigos noutras partes da cidade”, conta o religioso à AIS.

A Fundação pontifícia está a apoiar aquela comunidade religiosa através de estipêndios de missa. Uma ajuda que se revelou preciosa numa altura em que as receitas da igreja local diminuíram drasticamente, por causa da pandemia do novo coronavírus que obrigou ao encerramento dos templos, além da crise económica que tem estado a afetar cada vez mais famílias.

No sentido de apoiar as populações mais fragilizadas, os frades capuchinhos decidiram avançar com um projeto local que passa por distribuir às famílias cabazes alimentares básicos durante alguns meses.

“No meio de tanta pobreza, escolhemos certas localidades na periferia e, com a ajuda de líderes comunitários locais, identificámos as famílias mais carenciadas”, explica o frei Paolo. Entre essas famílias estão as “mais numerosas e muito pobres”, mas também “viúvas, pessoas que sofrem de tuberculose e os desempregados” de longa duração. Pessoas que, segundo o religioso italiano, “têm pouca esperança de que esta vida lhes dê uma nova oportunidade”.

Para apoiar a distribuição de cabazes alimentares, a Fundação AIS aprovou recentemente uma ajuda de emergência para aquela comunidade religiosa. Um apoio que é visto como um sinal de esperança.

Para o frade capuchinho, “neste momento extremamente difícil da pandemia, que está a afetar gravemente as famílias dos subúrbios mais pobres de Manaus e a transformar as suas vidas num drama de vida ou de morte” os cabazes alimentares “são muito mais do que uma simples ajuda para afastar a fome, que já dói verdadeiramente”.

“São um sinal de que Deus não abandonou estas pobres pessoas. Vocês, os benfeitores, converteram-se assim em instrumentos de providência divina e uma fonte vital de esperança”, conclui o capuchinho.