Bloco na estrada. O discurso de Passos e as "contas erradas" da direita
28-02-2024 - 16:40
 • Isabel Pacheco

O regresso do antigo líder do PSD e o apelo à memória da governação da Troika: duas das armas do Bloco de Esquerda que tenta colar discurso do PSD à direita radical.

Aproximar o PSD à narrativa da extrema-direita marca a estratégia do Bloco de Esquerda nos primeiros dias de campanha eleitoral rumo às legislativas de 10 de março.

O discurso do antigo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho durante intervenção do comício da Aliança Democrática, em Faro, em que associou a questão de insegurança à comunidade imigrante fez render a agenda bloquista que aproveitou o momento para apelar à memória dos portugueses os tempos da governação da Troika.

“Venha mais vezes, apareça mais vezes na campanha,” ironizou, na terça-feira, a coordenadora do BE, Mariana Mortágua agradecendo ao líder da Aliança Democrática (AD) Luís Montenegro por ter trazido Passos para a campanha eleitoral que, diz a bloquista, “acrescentou aquele cheirinho a racismo”.

“Aquele que a direita atual não consegue resistir”, disse, mais tarde, em Almada.

Em Évora, Mariana Mortágua já tinha apontado o dedo aos que querem “fechar a porta à imigração legal” para abrir a “janela da imigração clandestina”. Voltou à acusação em Odemira durante a visita a uma escola onde metade dos alunos são provenientes da comunidade emigrante.

As declarações do antigo líder social-democrata chegaram na hora certa para Marina Mortágua que do PSD diz “já ter ouvido tudo e o seu contrário”.

Embora, a entrada de Passos na campanha tenha sido, até agora, o prato forte da campanha, os restantes partidos de direita não ficaram de fora das críticas. Mariana Mortágua colocou-os a todos no mesmo saco no que toca à política fiscal. Foi em Almada, durante um comício naquele concelho do distrito de Setúbal, que Mariana Mortágua tentou desmontar as “contas erradas” das propostas da direita sobre a segurança social e os impostos acusando-a de querer fazer “um rombo nas contas dos portugueses”.

E nem a “maioria absoluta desastrosa socialista” escapou ao escrutínio com Mariana Mortágua a acusar o governo de criar crises alegando falta de verba, quando, afinal, há quatro mil milhões de euros de excedente orçamental. Uma “irresponsabilidade” do governo de António Costa, apontou.

Ao quarto dia de campanha, o Bloco de Esquerda sai, pela segunda vez, à rua. Depois de Almada, em Setúbal, Moscavide, no distrito de Lisboa, é o palco para a segunda arruada da campanha bloquista em que já entraram dois fundadores do partido: Francisco Louçã e Fernando Rosas.