Reportagem no Barreiro: "Para votar espera-se o tempo que for preciso"
24-01-2021 - 17:24
 • Ana Carrilho

Ao meio-dia, cerca de um quarto dos inscritos nas secções de voto no centro do Barreiro já tinham exercido o seu direito. Com distanciamento, máscara e regras de segurança, centenas de pessoas esperaram pacientemente nas filas, em média, meia-hora. O bom tempo ajuda.

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À porta da Escola Básica Joaquim Rita Seixas, no centro do Barreiro, há três filas para outras tantas secções de voto. Mais coisa, menos coisa, o número de pessoas em cada uma varia entre as 20 e as 30. Pessoas sós, casais, famílias ou apenas conhecidos esperam em média, meia-hora.

Com duas pessoas à sua frente, António confessa à Renascença que esperava pior, mais gente e mais tempo de espera.

Mais tempo que fosse, “para votar e exercer o nosso direito de cidadania, espera-se o tempo que for preciso”, frisa Manuela, a poucos metros.

Sandra já está volta e não poupa nas palavras para elogiar a organização: “correu muito bem. A fila é longa, parece que vai demorar muito, mas não, porque estamos espaçados. Lá dentro, tudo impecável: depois de desinfetar as mãos, sozinha na sala, só com os senhores da mesa de voto, votei rapidamente e saí. Não precisamos de tocar em nada, só no cartão e no boletim de voto. A caneta, é a nossa. Parabéns!”

A umas centenas de metros, na Biblioteca Municipal, estão em funcionamento outras quatro secções de voto. Durante a manhã, houve sempre filas com mais de 20 pessoas cada uma e, à medida que as horas passavam, mais eleitores iam chegando.

À saída, Álvaro olha para o relógio, faz contas e à Renascença revela: “35 minutos. Normalíssimo, para mim que estou a habituado a estas coisas, já estive muitas vezes em mesas de voto”.

Manifestamente feliz com as dezenas de pessoas que vê à espera, não se contém: “Desejava que fosse sempre assim até ao fim do dia, era sinal que não havia tanta abstenção”.

Para Álvaro, nesta situação de pandemia, em que muitas pessoas têm medo de sair de casa e ser infetadas, “é difícil fazer cálculos. É uma incógnita”.

Também Álvaro Ferreira, secretário da União de Freguesias Barreiro/Lavradio, se mostra satisfeito. Ao meio dia, naquelas quatro secções, a votação média era 23% e numa das secções, atingiu os 27%. Ou seja, cerca de um quatro dos inscritos já tinham votado nas primeiras quatro horas.

“Está a correr bem, com distanciamento, com calma e as pessoas estão a aceitar bem o tempo de espera”.

Considerando que a afluência registada até ao meio dia é boa, Álvaro Ferreira não esquece a influência do (bom) tempo. “Tivemos sorte porque se estivesse a chover, era difícil termos aqui tanta gente à espera”.

Em todo o concelho do Barreiro estão em funcionamento 82 secções de votos, mais do que noutros atos eleitorais, devido à pandemia.

Aos votos de hoje há que juntar os da votação antecipada, que decorreu há uma semana. 1.700 dos 1.800 cidadãos que optaram pelo voto antecipado no dia 17 exerceram o seu direito. Mais de 94%, uma média consideravelmente superior aos 80% registados a nível nacional.

Para isso, muitas pessoas esperaram mais de uma hora, às vezes duas. Foi o caso do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, recenseado no Barreiro.

No fim do dia fazem-se todas as contas. Se há quem tenha dúvidas também há quem espere que a votação para o Presidente da República, no Barreiro, ultrapasse os 54% conseguidos em 2016.