Conferência Episcopal: Vacinas Covid-19 não podem “agravar discrepância entre pessoas e países"
12-04-2021 - 16:38
 • Teresa Paula Costa

Na abertura da assembleia plenária, D. José Ornelas manifestou grande preocupação com os efeitos da pandemia em Portugal e com a situação dramática em Cabo Delgado, Moçambique.

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) chama à atenção para os “tempos difíceis” que temos pela frente e alerta que as vacinas contra a Covid-19 não podem vir a “agravar a discrepância entre pessoas e países com maior ou menor poder económico”.

No discurso de abertura da assembleia plenária da CEP, que começou esta segunda-feira, em Fátima, D. José Ornelas admitiu que “foi particularmente sofrida e ponderada a decisão de voltar a prescindir das celebrações com a presença da comunidade, no início deste ano”, mas foi em consonância com a “atitude adotada pela Igreja desde o início da pandemia: permanecer como espaço promotor de responsabilidade, solidariedade e esperança” e “tomando a sério o compromisso para com a vida e o dever de impedir a transmissão do mal”.

Revelando que a situação atual será examinada nesta assembleia plenária, D. José Ornelas reconheceu “a criatividade acrescida de grupos de leigos ativamente empenhados na busca de novos caminhos para a vida da Igreja”, nomeadamente na “utilização de novos meios de comunicação”, que “têm sido importantes para prosseguir, em tempo de pandemia, o essencial da missão da Igreja”.


Porque esse será “um caminho de futuro”, a Conferência Episcopal vai discutir, ao longo destes dias, dois documentos. O primeiro: “O Diácono Permanente na Igreja em Portugal: Ministro da Caridade na proximidade” visa “revitalizar um ministério ordenado e do qual se espera uma nova vitalidade e articulação com os outros serviços eclesiais.”

O segundo tem por objetivo “promover uma reflexão sobre os ministérios laicais na Igreja”, “a fim de dar uma nova vitalidade e corresponsabilidade aos leigos e concretamente às mulheres na vida e missão da Igreja.”

Considerando que “a pandemia expôs a vulnerabilidade dos que são económica e socialmente mais frágeis”, o presidente da CEP e bispo de Setúbal sublinhou ainda “o papel dos que diretamente têm cuidado dos que foram afetados pela crise”, congratulando-se também “com a deliberação do Tribunal Constitucional que considerou ferida de inconstitucionalidade a recente Lei da Assembleia da República sobre a eutanásia”.

Neste discurso, o presidente da Conferência Episcopal lembrou ainda o temporal que fez mais de 30 mortes em Timor-Leste e as “situações de terrorismo e de guerra, concretamente na província de Cabo Delgado, em Moçambique, revelando que a Igreja está a contribuir “com a ajuda das nossas dioceses e outras instituições para minorar os efeitos dramáticos da crise humanitária”.

Acrescentou ainda que apoia “os esforços do Governo português, da União Europeia e de organizações internacionais, para que, em colaboração com o Governo moçambicano, se possam encontrar meios de auxílio às populações e assegurar condições de paz e segurança na região.”