Costa e a final da Champions. "Não pode servir de exemplo, tem de servir de lição"
31-05-2021 - 15:59
 • João Carlos Malta

“Ninguém melhor que as forças de segurança pode avaliar qual o melhor modo de atuação”, diz o primeiro-ministro, para quem "não é por haver incumprimento de regras que elas são ilegítimas". Costa entende que, com os acontecimentos no Porto, o Estado não perdeu autoridade para impor as regras de combate à pandemia.

O que ocorreu este fim-de-semana não pode servir de exemplo e tem de servir de lição”, disse, esta segunda-feir, o primeiro-ministro, António Costa, em reação ao que se passou desde quarta-feira, no Porto, altura em que os adeptos ingleses começaram a chegar para a final da Liga dos Campeões, que se disputou no Estádio do Dragão.

Costa reconhece não ter ficado contente com o que viu nas ruas da Invicta. “Não gostei das imagens, mas foram repetidas em 'loop' criando a ilusão de que eram continuadas”, argumentou o primeiro-ministro.

Nas explicações que deu aos jornalistas, esta tarde na Assembleia da República, o líder do Governo repetiu que não podem ser confundidos os adeptos que vinham em bolha e os turistas que chegaram à cidade, muitos deles britânicos.

Ainda assim, Costa não pensa que o Estado fica diminuido na sua autoridade depois do que foi visto nas ruas do Porto. "Não é por haver incumprimento de regras que elas são ilegítimas", defendeu.

Costa disse querer esclarecer que “quando foram fixadas as regras [para a final da Champions], não estavam ainda abertas as fronteiras” e o que ficou fixado foi que os 12 mil adeptos viriam em bolha. “Nove mil pessoas, 80% vieram nessas condições”, afiança Costa, que culpa os restantes 20% pelos desacatos vividos naquela cidade do norte do país.

Em jeito de balanço, o primeiro-ministro assumiu erros através de uma pergunta retórica. "Se correu tudo na perfeição? Não correu". "Temos sempre todos a aprender, o Estado e o Governo em particular sobre como as coisas correm", apontou.

“Não correu tudo bem”, repetiu uma vez mais Costa, defendendo, contudo, que “ninguém melhor que as forças de segurança pode avaliar qual o melhor modo de atuação” e elas têm “privilegiado sempre a prática pedagógica".

Nos esclarecimentos aos jornalistas, afirmou ainda que "todas as pessoas [que se deslocaram ao Porto para o evento] vieram com testes negativos". "Sempre que houve suspeitas foram pedidos novos testes, e nesses casos houve duas situações", somou.

O primeiro-ministro sublinhou que “quem vier [a Portugal] tem de cumprir as regras”, acrescentando que perante o que aconteceu no Porto, mas também no Algarve, “a polícia geriu da forma que considerou mais adequada”.

O mesmo defende que “tem de se dar melhor informação aos turistas que estão em Portugal” sobre as regras em vigor para combater a pandemia. Costa garantiu que Portugal está a melhorar o “folheto informativo com informação sobre o uso de máscara na via pública”, para que quem visita o país conheças as regras.

Ao ser interrogado sobre a razão pela qual o Governo não acautelou a vinda de turistas, os 20% fora da bolha que o governante diz ter sido criada para os adeptos ingleses, a resposta não se fez esperar: “Não podemos querer turistas, mas, depois, dizer que não gostamos dos turistas”.

António Costa recordou, ainda, que os turistas que vêm a Portugal pelo verão não podem ser comparados com os milhares que estiveram no Porto para assistir à final da Champions, e recusou ainda responder às críticas que tinham sido feitas por Marcelo Rebelo de Sousa. “Obviamente não compete ao Governo avaliar a avaliação que o Presidente da República faz de cada uma das circunstâncias”.

[Notícia atualizada às 17h59]