Bielorrússia. Oposição rejeita resultados e governo fala em três mil detidos nos protestos
10-08-2020 - 11:58
 • Lusa

Após os resultados oficiais das presidenciais serem conhecidos, as pessoas saíram à rua. Alexander Lukashenko, há 26 anos no poder, obteve o sexto mandato.

Cerca de três mil manifestantes antigovernamentais foram detidos e dezenas ficaram feridos nos protestos de domingo após a divulgação dos resultados oficiais das presidenciais da Bielorrússia, revelou o governo.

"No total, em todo o país, cerca de três mil pessoas foram presas durante confrontos. Mais de 50 cidadãos e 39 polícias ficaram feridos e alguns estão hospitalizados", declarou o Ministério do Interior em comunicado, frisando que as manifestações "noturnas" não estavam autorizadas nas 33 cidades e localidades do país.

Segundo a tutela não há registo de vítimas mortais, mas dados avançados pela organização não-governamental bielorrussa de defesa dos direitos humanos (Viasca), nos protestos de domingo à noite, que degeneraram em confrontos com a política, um manifestante morreu.

Esta segunda-feira, candidata da oposição na Bielorrússia, Svetlana Tikhanovskaia, rejeitou os resultados oficiais das presidenciais de domingo e pediu ao Presidente, Alexander Lukashenko, considerado o vencedor, que ceda os comandos do país.

"O poder deve refletir como pode ceder-nos o poder. Considero-me vencedora das eleições", disse hoje a candidata à imprensa, denunciando a repressão das manifestações de domingo à noite contra a reeleição do presidente.

Segundo os resultados oficiais finais da votação, o chefe de Estado cessante, Alexander Lukashenko, há 26 anos no poder e que obteve o sexto mandato, recolheu 80,23% dos votos, enquanto a grande rival, a opositora Svetlana Tikhanovskaia, chegou aos 9,9%.

Os resultados são contestados pela oposição, que denunciou atos de violência e de fraudes no processo eleitoral.

UE pede contagem "precisa" dos votos

Numa declaração conjunta divulgada em Bruxelas, o Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, e o comissário europeu do Alargamento, Oliver Várhelyi, sublinham que, "após uma mobilização sem precedentes para eleições livres e democráticas, o povo da Bielorrússia espera agora que os seus votos sejam contados de forma precisa".

"É essencial que a Comissão Eleitoral Central publique os resultados que refletem a escolha do povo bielorrusso", sustentam os responsáveis da União Europeia.

Apontando que "a noite das eleições ficou marcada por uma violência estatal desproporcional e inaceitável contra manifestantes pacíficos", da qual terá resultado um morto e vários feridos, o chefe da diplomacia europeia e o comissário do Alargamento reclamam "a libertação imediata de todos os detidos durante a noite passada", sublinhando que "as autoridades bielorrussas devem assegurar que o direito fundamental de reunião pacífica seja respeitado".

"Só a defesa dos direitos humanos, da democracia e de eleições livres e justas garantirão a estabilidade e a soberania na Bielorrússia. Continuaremos a acompanhar de perto a evolução da situação, a fim de avaliar a forma como a resposta da UE e as relações com a Bielorrússia poderão continuar a ser moldadas, tendo em conta a evolução da situação", concluem os dirigentes europeus.