Mais de cinco famílias são despejadas por dia em Portugal
30-10-2017 - 15:34
 • Henrique Cunha

No ano passado, foram despejadas, através do Balcão Nacional do Arrendamento, um total de 1.931 famílias, quase o dobro - mais 91,7% - do número registado em 2013.

O Balcão Nacional do Arrendamento (BNA) diz que se verificam em Portugal, diariamente, mais de cinco despejos diários, mas a Associação Nacional de Proprietários garante que números são muito superiores.

Salários baixos e rendas cada vez mais altas têm diminuído a capacidade das famílias em cumprir os seus encargos e os números terão duplicado desde 2013.

No ano passado, foram despejadas, através do Balcão Nacional do Arrendamento (BNA), um total de 1.931 famílias, quase o dobro - mais 91,7% - do número registado em 2013.

Só nos primeiros nove meses deste ano, já houve 1.480 despejos decretados, o que equivale a uma média 5,5 famílias despejadas por dia.

Os números são avançados esta segunda-feira pelo Diário de Noticias, mas o presidente da Associação Nacional de Proprietários, António Frias Marques, garante à Renascença que a realidade dos despejos em Portugal representará um número é bem superior.

“A maior parte das acções de despejo não corre pelo Balcão Nacional do Arrendamento, correm nos tribunais judiciais do país, porque o Balcão não é o veiculo próprio para se responsabilizar o fiador do contrato”, argumenta Frias Marques.

“O senhorio tem todo o interesse em responsabilizar o fiador para reaver o valor das rendas”, pelo que “interpõe a acção no tribunal judicial”, pelo que esta facto “torna estes números muito incompletos”.

António Frias Marques reconhece que a pressão provocada pelo alojamento local tem ajudado a inflacionar o preço das rendas. O presidente da Associação Nacional de Proprietários admite que “a criação desmesurada de alojamento local em Lisboa e Porto fez com que muitos senhorios canalizassem as casas para esse rendimento de curta permanência e teoricamente com maiores proveitos”.

“Isso depois arrastou o preço dos arrendamentos ditos normais no resto das cidades”, completa.

Ainda assim, o presidente da Associação Nacional de Proprietários lembra que “as pessoas só assumem uma responsabilidade se estiverem cientes que a podem cumprir”.