Sérgio Figueiredo nas Finanças "evidencia promiscuidade" entre Governo e jornalistas
09-08-2022 - 12:22
 • Renascença, com Lusa

PSD e Bloco de Esquerda criticam tutela de Fernando Medina por contratar ex-diretor de Informação da TVI para consultor, por ajuste direto e com direito a salário de ministro. O Chega já entregou um requerimento para ouvir o ministro das Finanças no parlamento.

O deputado social-democrata Duarte Pacheco critica a contratação do ex-diretor de Informação da TVI, Sérgio Figueiredo, pelo Ministério das Finanças, ressaltando que é prova da "grande promiscuidade" entre o atual Governo e jornalistas de alguns órgãos de comunicação social.

"Aquilo que o doutor Sérgio Figueiredo tem em experiência e competência reconhecidas é na política de comunicação, todos percebemos que as funções que estão adstritas são um disfarce para aquilo que é a grande preocupação do Governo, que é a área da comunicação", acusa Duarte Pacheco em declarações à Renascença esta terça-feira.

"Para o Partido Socialista, resolver os problemas dos portugueses nunca foi sua preocupação, não é agora que vai ser. [Esta contratação] evidencia uma grande promiscuidade entre o Partido Socialista e o Governo com alguns órgãos de comunicação social e as pessoas que aí trabalham."

O jornal "Público" noticia hoje que o Ministério tutelado por Fernando Medina acaba de contratar, por ajuste direto, o jornalista Sérgio Figueiredo para ser consultor das Finanças. O também ex-administrador d Fundação EDO ficará responsável por avaliar e monitorizar o impacto das políticas públicas, auferindo um salário equiparado ao dos ministros.

Pedro Filipe Soares, do Bloco de Esquerda, também já veio tecer duras críticas à contratação, dizendo que "a mensagem que passa é que os favores na comunicação social ao Governo são pagos pelo próprio Governo".

À Renascença, o líder da bancada parlamentar do Bloco destaca que o país precisa "de uma comunicação social isenta e de um Governo mais preocupado em governar" e acrescenta:

"Quando Fernando Medina escolhe, por ajuste direto, sem qualquer concurso público, pagar principescamente por alguém que ainda há pouco tempo lhe pagava uma avença é eticamente condenável, politicamente criticável e demonstra o que uma maioria absoluta pode fazer para corroer as bases de relacionamento dentro de uma democracia."

Já o Chega fez entrada de um requerimento para ouvir o ministro das Finanças sobre a contratação. André Ventura quer que Medina explique no parlamento "as razões que estão por detrás desta contratação, que foi por ajuste direto", com um salário equiparado a ministro, "e quais as motivações políticas".

"É evidente para todos que há aqui uma questão de tem que ser explicada do ponto de vista da transparência, sobretudo da transparência política e do ponto de vista da transparência da relação do Governo com a imprensa em geral."

O novo contrato de Sérgio Figueiredo deverá ser publicado no portal Base “e prevê uma remuneração equiparada e limitada ao vencimento base do ministro das Finanças, transpondo para o contrato de consultoria o limite previsto na lei para o enquadramento remuneratório de membros de gabinetes ministeriais”.

Durante dois anos, a validade do atual contrato, o ex-jornalista deverá auferir um salário mensal base ilíquido igual ao dos ministros, isto é, de 4.767 euros.

[Atualizado às 17h45 - reação do Chega]