Regresso do serviço militar obrigatório? "Não é a discussão mais importante"
15-03-2024 - 21:22
 • Pedro Mesquita , com redação

Em declarações à Renascença, a ministra da Defesa fala também sobre a contribuição portuguesa de 100 milhões de euros para a Ucrânia comprar munições de artilharia.

Portugal tem um “caminho muito grande a fazer em termos de investimentos de Defesa antes de falarmos da revisão do modelo de serviço militar obrigatório”, afirma a ministra da Defesa, Helena Carreiras, em entrevista à Renascença.

A ministra da Defesa considera que o debate sobre o regresso do serviço militar obrigatório (SMO) não é uma prioridade em Portugal, numa altura de guerra na Ucrânia, de ameaça russa e em que a Dinamarca alargou o SMO às mulheres.

“Eu diria que há vários outros instrumentos, como esta aposta no reforço das indústrias de defesa e a sua articulação com a economia, os desenvolvimentos tecnológicos que têm uma importância talvez maior no futuro relativamente àquilo que é a nossa capacidade de nos defender e de preservar a paz e a segurança no nosso continente.”

A ministra da Defesa considera que, neste momento, o regresso do SMO não será para Portugal a discussão mais importante. Ainda assim, se o debate emergir terá que ser feita a devida a devida avaliação dos impactos, dos efeitos e do custo.

"Não me parece, neste momento, que seja para nós a discussão mais importante, mas se ela emergir terá de ser feita e teremos de fazer a devida avaliação dos impactos, dos efeitos e do custo. Tudo isso está em cima da mesa e o próximo Governo e a sociedade portuguesa, como um todo, poderão fazer essas discussões.”

Nesta entrevista à Renascença, Helena Carreiras também fala sobre a contribuição portuguesa de 100 milhões de euros para a Ucrânia comprar munições de artilharia.

O objetivo é que as munições sejam “entregues rapidamente à Ucrânia”, no âmbito de uma iniciativa lançada pela Chéquia, para ajudar no esforço de guerra contra a Rússia, sublinha.

A União Europeia apresentou, recentemente, uma estratégia de defesa, que contempla a compra conjunta de equipamentos e armamento e o reforço da indústria europeia de armas, com um orçamento inicial de 1,5 mil milhões de euros.

Questionada se a UE podia ir mais longe, a ministra da Defesa fala numa “boa notícia“ e considera que estamos perante “um projeto ambicioso no seu conjunto”.

“É importante começar, é importante dar nota que esta estratégia inscreve-se num conjunto de iniciativas e medidas que a Europa vem tomando de uma forma muito evidente nos últimos tempos”, sublinha Helena Carreiras.

À Renascença, o antigo ministro António Vitorino disse que o investimento europeu de Defesa terá que ser "muito superior" aos 1,5 mil milhões de euros.

Helena Carreiras considera que “é sempre desejável que possa ser mais”. “Todos temos consciência que temos de reforçar o nosso investimento em defesa e essa consciência é agora muito clara na União Europeia”, sublinha.