Há paróquias que já estão insolventes, diz D. José Ornelas
15-04-2021 - 16:46
 • Teresa Paula Costa , Filipe d'Avillez

A Igreja Católica está preocupada com o impacto económico da pandemia e diz que muitos lares, por exemplo, já estão a funcionar mais como centros de cuidados paliativos.

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A Conferência Episcopal está muito preocupada com o impacto económico da pandemia.

No final da assembleia plenária que decorreu em Fátima, D. José Ornelas revelou que tem havido um aumento dos pedidos de ajuda. "O que temos já é um acréscimo muito grande de pedidos para pagar faturas de água, de luz, alugueres e ainda vai agravar-se com o fim das moratórias. Os contributos das famílias também são menores."

Mas a situação também já afeta a Igreja Católica. "Temos paróquias que já estão insolventes do ponto de vista da sua administração local. Onde mesmo para garantir uma remuneração áquelas pessoas que estão ao serviço das comunidades, o pároco e não só, temos muita dificuldade".

A sustentabilidade das instituições particulares de solidariedade social (IPSS) também preocupam os bispos, que pedem apoio logístico e financeiro do Ministério da Saúde.

No comunicado final da Assembleia Plenária os bispos manifestam “a sua preocupação pela sustentabilidade das instituições de solidariedade social” e consideram que a pandemia “tornou evidente que, além do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, devem poder contar com o apoio logístico e financeiro do Ministério da Saúde”.

A situação dos lares é, segundo o bispo de Setúbal, particularmente graves, uma vez que não estão preparados para as novas exigências, pelo que apelou ao apoio financeiro do Ministério da Saúde. “Estas instituições têm pessoas cada vez de maior idade, que são muitas vezes acometidas de enfermidades", incluindo "do foro psicológico, explica, acrescentando que se estão a tornar "praticamente casas de cuidados paliativos e isso já exige um seguimento muito maior. Chamadas a intervir, as instituições sanitárias dizem que isso não lhes compete".

Para o presidente da CEP, “o enquadramento financeiro dos contributos que recebem do Estado não estão refletidos na evolução destas situações”.

“Esta é uma questão crucial para o futuro de uma correta assistência aos cuidados paliativos e continuados no contexto do país”, defendeu, notando que se o país quer que “estas pessoas tenham qualidade de vida dentro das condições de saúde em que se encontram”, então têm de ser repensados os custos.

A solução, considera, "passará por um alinhamento e articulação entre os ministérios da Saúde e da Segurança Social".

Quanto às vacinas, D. José Ornelas reiterou aquilo que o Papa já defendeu publicamente. Todos os países devem ter o mesmo acesso às vacinas, porque, senão “isso vai sair-nos caro".

[Notícia atualizada às 17h36]