​Recuperação e juros
18-06-2021 - 06:23

O que será certamente extraordinário, se a recuperação se mantiver ou até acelerar, é que as taxas de juro se mantenham a níveis próximos de zero ou negativas.

A recuperação das economias ocidentais (EUA e economias europeias) e, pode dizer-se, da economia mundial em geral está-se a fazer a ritmo muito rápido. Não sabemos até que ponto a pandemia se encontra controlada, ou seja qual a probabilidade de um novo descontrolo levar a uma nova inflexão da economia. Mas podemos esperar que o progresso da vacinação um pouco por todo o lado não impeça que a recuperação continue a bom ritmo.

Para já, pelo menos, o ritmo é suficientemente forte para fazer esperar um aumento generalizado de preços. Isto nada tem de anormal, é o que se espera duma retoma rápida. Os indicadores de que se está nessa fase são múltiplos: alguns aumentos de preços já efectivados a contrastar com a diminuição ou estagnação do último ano (e até antes) e o facto de algumas empresa produtoras de bens finais (isto é, bens prontos a consumir ou destinados a aumentar o equipamento existente) terem de reduzir ou até suspender a sua produção por falta de algumas matérias -primas ou produtos intermédios a nível internacional. Mais uma vez, nada de anormal em tempos de recuperação.

O que será certamente extraordinário, se a recuperação se mantiver ou até acelerar, é que as taxas de juro se mantenham a níveis próximos de zero ou negativas. Com efeito, quer os aumentos de preços já verificados quer os riscos da inflação, também ela, se acelerar vão levar as autoridades monetárias, em particular o Banco Central Europeu, a ser menos permissivas no que respeita à expansão monetária. Tanto mais que no caso da União Europeia a chamada bazuca está atrasada em relação ao calendário da recuperação e pode afinal efectivar-se já em contraciclo.

O mais provável (mas a incerteza continua a ser muita) é que tenhamos uma recuperação rápida, mas com um aumento das taxas de juro. Os países endividados terão de ter cuidado.