​Fundação AIS desafia portugueses a ajudar comunidade cristã no Líbano
22-09-2020 - 15:28
 • Ana Lisboa

Campanha de ajuda de emergência acontece mais de um mês depois das explosões no porto de Beirute e vai prolongar-se, "pelo menos, até ao fim do próximo ano".

Mais de um mês depois das explosões no Líbano, a situação das pessoas afetadas por esta tragédia "continua dramática", reconhece a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre.

Por isso, esta organização internacional ligada à Igreja Católica entendeu ser necessário dar esta ajuda de emergência que vai prolongar-se "pelo menos até ao fim do próximo ano", já que esta "não é uma situação que se vai resolver de imediato".

As necessidades são "muitas no terreno, porque não nos podemos esquecer que o Líbano já vem de uma situação económica devastadora, com altas taxas de desemprego, com um índice de pobreza muito elevada. Daí a necessidade de lançarmos agora esta campanha de pedirmos aos nossos benfeitores e amigos um pouco por todo o mundo para continuarem a ajudar o Líbano, porque não podemos ajudar apenas durante um mês estas famílias, mas precisamos de apoiá-las durante os próximos meses", refere Catarina Martins Bettencourt, a responsável pelo secretariado português da AIS.

Nesse sentido, os portugueses foram convidados pela AIS a contribuir para esta causa. A prioridade já está definida. O dinheiro angariado reverte para "ajudar a adquirir um cabaz alimentar para cada família. É um cabaz por mês que tem os bens essenciais para que estas famílias possam sobreviver de mês para mês", explica esta responsável.

Quem quiser participar, é muito simples. Catarina Martins Bettencourt diz que "basta contactarem-nos para o nosso telefone ou também através da nossa página na internet em www.fundacao-ais.pt e têm toda a informação, tudo o precisam de saber para poderem ajudar em concreto estas famílias".

Os fundos angariados nesta campanha da Ajuda à Igreja que Sofre são encaminhados para o terreno. Para dar "apenas dois exemplos das congregações com quem nós estamos a trabalhar neste momento", destaque para as Irmãs do Bom Pastor que "têm dispensários e centros sociais" e ainda as Filhas da Caridade. Mas trabalham também "com os bispos que estão no local a apoiar a sua comunidade".

A diretora do secretariado português desta fundação pontifícia sublinha que "estamos em contacto direto com todos eles, para conseguirmos fazer o melhor e o mais possível por este povo".

Em seu entender, esta campanha é importante para a própria sobrevivência da comunidade cristã no Médio Oriente. É que a Igreja local tem indicado "que há muitos cristãos que estão definitivamente a abandonar o Líbano, porque não há futuro, não há esperança neste país. Estamos a assistir a uma vaga de saída da comunidade cristã, nomeadamente, os mais jovens estão a sair e, por isso, estamos também tão empenhados em ajudar para que esta comunidade possa permanecer ou corremos o risco de diminuir ainda mais esta percentagem de cristãos que existem no país".

Recorde-se, que logo após as explosões, a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre enviou de imediato 250 mil euros para a aquisição de cabazes alimentares para ajudar mais de 5 mil famílias naquela zona do Líbano.

As explosões afetaram dois bairros, um deles predominantemente cristão. Os números são reveladores da gravidade da situação. As fontes da AIS revelam que houve pelo menos 180 mortos, mais de 6.500 terão ficado feridos, para cima de 300 mil desalojados, dos quais 80 mil serão crianças, mais de 90 mil casas destruídas, cerca de 100 igrejas, conventos e escolas danificados ou mesmo destruídos.

Por tudo isto, a AIS defende que a ajuda ao Líbano não pode parar e revela que há cada vez mais pessoas a procurar comida nos caixotes de lixo.