Empresas portuguesas respondem à crise com inovação
15-03-2021 - 21:09
 • Sandra Afonso

A análise do Banco Europeu de Investimento realça ainda que o tecido empresarial em Portugal está mais atento a questões climáticas.

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A pandemia fez descer o investimento privado em Portugal, ainda assim, os indicadores nacionais estão acima da média europeia. Também melhor posicionada está a resposta do país em termos de inovação, com a colocação de novos produtos e soluções no mercado, em resposta às dificuldades criadas pela crise pandémica.

É o que revela o último inquérito do Banco Europeu de Investimento, sobre a aposta dos empresários em Portugal.

Cerca de metade de todas as empresas “inovaram e desenvolveram ou introduziram novos produtos, processos ou serviços como parte das suas atividades de investimento”, acima da média da UE (43%). Há mesmo 18% que reportaram ter “introduzido inovações que são novas no país”, um número também acima da média comunitária (15%).

“Apesar das perturbações económicas causadas pela Covid-19, as empresas portuguesas têm a inovação no topo da sua agenda. As empresas afetadas pela crise económica causada pela Covid-19 aperceberam-se que a inovação e a digitalização poderão ser as melhores ferramentas disponíveis para fazer face à atual crise”, diz a economista-chefe do BEI, Debora Revoltella.

Segundo a economista, “as empresas portuguesas implementaram, em média, mais tecnologias digitais do que as suas contrapartes da UE, sendo mais provável que desenvolvam ou introduzam novos produtos, processos ou serviços como parte das suas atividades de investimento.” Debora Revoltella admite que “Portugal ainda está aquém da média da UE em investimento em investigação e desenvolvimento, mas os resultados do inquérito mostram que estão a dar passos na direção certa”.

Empresas portuguesas pensam verde

Três quartos das empresas (76%) afirmam que as alterações climáticas têm atualmente impacto nas respetivas atividades, muito acima da média da UE (58%). Quase dois terços (64%) estão ou planeiam investir em projetos relacionados com o clima, em linha com a média comunitária (67%). Quase metade (48%) investiu em medidas destinadas a melhorar a eficiência energética, em conformidade com a média da UE.

Este inquérito do BEI concluiu ainda que perto de metade das empresas em Portugal (47%) preveem investir menos devido à Covid-19 e cerca de um terço abandonaram ou adiaram os planos de investimento devido à pandemia, ainda assim, menos do que a média da UE (35%). Quase um quarto das empresas (24%) esperam manter pelo menos alguns dos planos de investimento, mas com uma escala ou âmbito reduzidos, acima da média da UE (18%).

Mas apesar da maioria das empresas ter aumentado o investimento, no último exercício, as perspetivas são ainda negativas. “As empresas em Portugal tornaram-se, de um modo geral, mais pessimistas quanto às perspetivas de curto prazo, muito à semelhança dos seus pares da UE, sendo que a incerteza quanto ao futuro continua a ser o mais referido obstáculo a longo prazo ao investimento (92%)”, refere o BEI.

Este trabalho tem por base entrevistas a 481 empresas em Portugal, entre maio e agosto de 2020. O inquérito está incluído no Survey on Investment and Investment Finance (EIBIS), conduzido à escala da UE a 13.500 empresas, com informações quantitativas sobre as atividades de investimento das PME e grandes empresas, necessidades de financiamento e dificuldades.