Famílias só pouparam 3,8% do rendimento. É o valor mais baixo em 18 anos
21-09-2017 - 09:50

Em 1999, as famílias poupavam 11,4% do seu rendimento disponível, ficando a taxa de poupança em torno dos 10% a 11%. A nível europeu, os mais poupados são os suecos.

As famílias portuguesas nunca pouparam tão pouco: apenas 3,8% do seu rendimento disponível no ano terminado em Março. É o valor mais baixo dos últimos 18 anos.

Os dados são recolhidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) desde 1999, tendo reportado que a taxa de poupança voltou a cair nos 12 meses concluídos no final do primeiro trimestre deste ano, ficando nos 3,8%, "menos 0,5 pontos percentuais do que no trimestre anterior", somando assim três trimestres consecutivos de queda.

Isto acontece apesar de o rendimento das famílias estar a crescer e deve-se ao facto de se registar "uma variação mais intensa na despesa de consumo final do que no rendimento disponível".

Quando o INE começou a compilar estes dados, no último trimestre de 1999, as famílias poupavam 11,4% do seu rendimento disponível, ficando a taxa de poupança nos dois anos seguintes em torno dos 10% a 11% e atingindo o valor máximo de toda a série (de 12%) no ano terminado no terceiro trimestre de 2002.

A poupança dos particulares caiu pela primeira vez abaixo dos dois dígitos nos 12 meses concluídos no primeiro trimestre de 2004, tendo a partir daí permanecido quase sempre abaixo dos 10% do rendimento disponível e acentuado o ritmo de queda a partir de 2009.

Suecos, alemães e eslovenos, os mais poupados

No final de 2016, Portugal apresentava uma taxa de poupança de 4,3%, abaixo da média de 10,3% da Europa a 28 e de 12,2% dos 19 países da área do euro.

Olhando para 2015, o último ano para o qual há dados para a maioria dos países da União Europeia, verifica-se que Portugal teve a sexta taxa de poupança mais baixa (de 4,5%).

Bulgária (-6,3%), Chipre (-5,7%), Letónia (-2,2%) e Lituânia (-1,9%) registaram uma taxa de poupança negativa, o que quer dizer que as famílias gastaram mais do que os rendimentos que têm.

Por oposição, os suecos (18,6%), os alemães (17,3%) e os eslovenos (14,8%) foram os europeus que pouparam uma proporção maior do seu rendimento disponível em 2015, de acordo com dados do Eurostat.

O INE divulga esta sexta-feira a taxa de poupança das famílias registada no ano terminado no primeiro semestre, tendo o ministro das Finanças afirmado em Junho que estão criadas as condições para que este indicador inverta a tendência de queda e comece a recuperar.

"Penso que estão criadas as condições para que isso aconteça e há indicadores positivos que nos permitem esperar uma inversão do lado da poupança", referiu Mário Centeno, sublinhando que os dados trimestrais devem ser vistos com cautela, por serem "voláteis".