Niels Mede, investigador da Universidade de Zurique, dedicou os últimos anos ao estudo da comunicação de ciência e, mais recentemente, ao fenómeno do populismo científico. “Percebemos, surpreendentemente, que pessoas muito interessadas em ciência tendem a apresentar atitudes mais populistas perante a mesma”, revela em entrevista à Renascença.
Antigo ministro de Passos Coelho evoca a experiência europeia para concluir que a entrada de partidos extremistas, como o Chega, na composição dos governos acentua a radicalização. Admite, ainda, que o impacto da pandemia nas democracias dependerá da capacidade das lideranças para demonstrar que "cidadania não é só ter direitos".
"Quando não há uma relação social assente e motivada pelo sentimento humano de colaboração, mesmo na adversidade, os populistas exploram as diferenças entre nós para objetivos que são os deles: a curto prazo, a conquista do poder e, depois, a imposição de uma determinada ideologia", adverte D. Manuel Linda.
As prisões, descritas pelos críticos do Executivo ultranacionalista húngaro como uma tentativa de intimidação, ocorreram devido à aplicação de uma lei recente que pune com prisão a disseminação de informações "alarmistas" sobre o vírus.
Riccardo Marchi, do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE, conclui que a crise pandémica “tornou-se no centro do debate diário” e retirou de cena o discurso utilizado pelas forças políticas populistas de direita, já que esse espaço na esfera pública é agora “muito ocupado por técnicos, cientistas e economistas".