27 jan, 2024 - 09:00 • Maria João Costa
São uma companhia de artistas seniores e estão a pensar o futuro. “Agora Nascíamos Outra Vez” é o nome do novo espetáculo da Companhia Maior, que estreia este sábado, 27, no palco do Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
A criação é da autoria da coreógrafa Aldara Bizarro e conta com texto da escritora Patrícia Portela, música de Noiserv, a paisagem cénica de Fernando Brízio e a iluminação Daniel Worm. Em cena, um espetáculo onde a dança e a palavra andam de mãos dadas.
Em entrevista ao Ensaio Geral, da Renascença, Aldara Bizarro explica que foi desafiada por Paula Varanda, da direção da Companhia Maior a trabalhar sobre a questão do futuro. “Achei muita graça, porque habitualmente não perguntamos a uma pessoa mais velha quais são os planos para o futuro”, conta a coreógrafa.
Aos artistas de idade maior fez a pergunta e surgiram os “desejos deste grupo para o futuro”, explica Aldara Bizarro, que organizou também o que diz ser um “speed date” entre os artistas seniores e um grupo de jovens.
“Há uma influência grande dos desejos dos jovens para o futuro que projetamos. É um futuro utópico, com uma visão positiva e com um desejo de muitos dos problemas que existem se resolvam”, conta Aldara Bizarro sobre o espetáculo.
“Temos um ambiente imaginado daquilo que queremos que aconteça”, revela a coreógrafa que trabalhou com a Companhia Maior onde há artistas que vêm do mundo da dança. Mas nem todos, indica Aldara Bizarro, que fala no desafio que foi lidar com algumas limitações que a idade e os diferentes percursos dos artistas levantam.
“No grupo temos pessoas de origens profissionais diferentes, ou seja, que tinham trabalhos diferentes, uns faziam teatro, outros trabalhavam na rádio ou na televisão e tenho um grupo pequeno de bailarinos. Há por isso limitações físicas também muito diferentes, porque à medida que vamos envelhecendo o corpo responde de maneiras diferentes”, explica.
Para Aldara Bizarro, criar este espetáculo foi quase como fazer “uma pintura”. “Temos pessoas com 84 anos com uma destreza enorme e pessoas mais novas, com mais dificuldades. Fui tentando perceber o que é que as pessoas fazem. Tive de aprender a estar com estas pessoas, a conhecê-las e, quanto mais tempo eu continue com elas, provavelmente poderia fazer melhor, porque iria conhecendo-as melhor”, refere.
Depois da estreia em Lisboa, “Agora nascíamos outra vez” sobe a 7 e 8 março no Teatro Viriato, em Viseu, e 7 e 8 de novembro Cineteatro, em Loulé.