10 out, 2023 - 16:14 • Maria João Costa
À segunda pode ser de vez. O Centro Cultural de Belém (CCB) anunciou esta terça-feira a abertura de um novo procedimento público internacional para o desenvolvimento dos projetos de construção e exploração de duas unidades hoteleiras e uma área de serviços e comércio.
O concurso já tinha sido lançado em 2018, mas teve apenas um interessado que, com a pandemia pelo meio, acabou por desistir do projeto. Agora, e no ano em que está a comemorar 30 anos o CCB volta a lançar o concurso com vista à ampliação do edifício.
Trata-se da conclusão do projeto inicial do CCB desenhado pelo arquiteto Vittorio Gregotti, com a construção dos chamados Módulo 4 e 5 que acrescentam uma superfície com um perímetro de 23 mil m2 ao CCB.
Na conferência de apresentação esta terça-feira, Elísio Summavielle, ainda presidente do conselho de administração do CCB explicou que o concurso agora lançado é diferente do anterior e apontou que o projeto “que vai trazer cidade para o ocidente, vai contribuir para a viabilidade financeira da Fundação CCB”.
“Espero que este concurso tenha sucesso e que haja investidores”, apontou Summavielle que em resposta aos jornalistas explicou que a concessão prevista no concurso é para 65 anos, prolongáveis, e prevê uma “renda mínima fixada em 350 mil euros durante a construção e um milhão e 250 mil já com o hotel em funcionamento”.
As unidades hoteleiras terão, uma delas 161 quartos duplos, e a outra, 126 unidades de aparthotel. Summavielle faz as contas e espera que o processo de construção leve 4 anos e que os edifícios estejam de pé em 2027.
Já a zona de comércio e serviços que ocupará uma área inferior à dos hotéis prevê a instalação de restauração e lojas de decoração e outras tipologias. Todo o projeto de ampliação contará com uma área de estacionamento com capacidade para 220 lugares.
A terminar o terceiro mandato, o presidente do conselho de administração do CCB, Elísio Summavielle diz que “o relançamento deste concurso”, bem como a abertura do Museu MAC CCB que acontecerá no fim de semana de 28 e 29 de outubro foi o que lhe foi pedido para este mandato.
Na hora da saída, quando já foi anunciado o nome da sua sucessora, Elísio Summavielle diz que se está a chegar a “bom termo” e que sente que a sua “missão está cumprida”. Com 42 anos de serviço público, e 67 anos de idade, Summavielle diz que quer agora dedicar-se a “outros projetos pessoais” e que está “ansioso para abraçar a liberdade pessoal”.
Na conferência de imprensa em que marcou também presença o autarca de Lisboa, Carlos Moedas destacou a sua aposta naquilo a que chamou “espaços esquecidos”. Os terrenos dos Módulos 4 e 5 estiveram “durante 30 anos sem ocupação”, apontou o presidente da câmara que assim se mostrou satisfeito pela obra começar a perspetivar-se.
Em dia de Orçamento do Estado, o ministro da Cultura esteve no CCB a anunciar um reforço de verbas para aquela instituição no próximo ano. Pedro Adão e Silva indica que, em relação ao ano passado, o CCB vai receber um “reforço de um milhão de euros”.
Na apresentação do projeto “New Development” que prevê o alargamento do CCB, o ministro considerou que a construção dos Módulos 4 e 5 “fecha um ciclo” e que o CCB passa a contemplar toda a sua “integralidade”.
É um “momento de grande significado e viragem” indicou Adão e Silva que explicou que essa mudança “começou com a devolução do espaço do museu”, mas que ganha com a conjugação do centro de congressos, o centro de artes e os módulos com hotel, comércio e serviços.
O ministro da Cultura considera que o CCB tornar-se-á o “equipamento mais diferenciado do país”. Pedro Adão e Silva fala mesmo numa “nova identidade para o CCB” que o vai tornar num “polo de atração ao longo de todo o dia”.
Falando sobre a dependência do Estado, o ministro considerou que os novos edifícios poderão vir a “gerar receita” e com isso “permitir que a exploração do CCB assente em mais investimento”.
Aos jornalistas, Elísio Summavielle explicou que os custos de manutenção do CCB hoje andam na casa dos “10 milhões”. “Ao fim de 30 anos, os equipamentos começam a dar de si, os elevadores, etc. Um projetor do Grande Auditório, por exemplo, uma substituição por LED, cada projetor custa 40 mil euros, só para terem uma ideia do investimento que é necessário fazer nesta renovação dos equipamentos”.
Outro dos custos elevados de manutenção do equipamento cultural é a eletricidade. Elísio Summavielle explica que gastam mais de dois milhões de euros por ano no consumo energético e que estão a fazer um esforço para tornar o CCB mais sustentável e amigo do ambiente.