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Kluge apresenta em Serralves novo filme que revisita obra de Manoel de Oliveira

14 jul, 2021 - 17:58 • Lusa

Casa do Cinema Manoel de Oliveira recebe exposição e retrospetiva da obra do cineasta alemão Alexander Kluge.

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A Casa do Cinema Manoel de Oliveira recebe, a partir de quinta-feira, uma exposição e retrospetiva da obra do cineasta alemão Alexander Kluge, que apresenta em Serralves um novo filme, num "diálogo" com "Os Canibais" de Manoel de Oliveira.

"Temos de facto um filme novo nesta exposição que é um diálogo de Alexander Kluge com o filme "Os Canibais", e que resultou de um desafio que lançámos ao autor. É apresentado pela primeira vez no âmbito da exposição, e é um filme integrado na coleção de Serralves", explicou o diretor da Casa do Cinema Manoel de Oliveira, António Preto, numa visita dirigida à imprensa.

António Preto, que divide a curadoria desta exposição com Vicente Pauval, especialista na obra do cineasta alemão, explicou que os dois autores partilham pontos de vista comuns, entre elas a questão da "Política dos Sentimentos" que dá título à exposição de Kluge na Casa do Cinema Manoel de Oliveira, de Serralves.

"É um aspeto que dialoga intimamente com aquilo que no caso do Manoel de Oliveira é o pensamento sobre os amores frustrados", explicou, acrescentando que a adaptação para cinema do "Amor de Perdição", de Camilo Castelo, muito mal recebida à época, tinha uma intenção eminentemente política.

"Aquilo que Kluge faz no filme realizado especificamente para esta exposição, é colocar o filme "Os Canibais" [de 1988] de Manoel de Oliveira em diálogo com uma série de outras óperas e referências culturais dos séculos XIX e XX, e também com o contexto da guerra e dos amputados de guerra, abrindo outras possibilidades de leitura do filme de Manoel de Oliveira, (...) pensando-o numa perspetiva histórica e em diálogo com aquilo que foi a história sangrenta, desde logo a guerra colonial portuguesa", observou.

Patente até 14 de novembro, a mostra intitulada "Política dos Sentimentos" percorre a obra de escritor, cineasta e filósofo Alexander Kluge nas suas múltiplas dimensões e variantes, desde a produção fílmica até à produção televisiva, "passando também por alguns objetos concebidos e pensados especificamente para o espaço expositivo".

Neste percurso, Kluge, explicou António Preto, faz a psicanálise da história naquilo que ela oculta e que foi menosprezado "pelo racionalismo histórico", partindo, não de uma perspetiva romântica, mas de busca pelo invisível.

A exposição, continuou o curador, é acompanhada de uma retrospetiva - "a maior retrospetiva fílmica do Kluge que alguma vez se fez em Portugal" - organizada em colaboração com a Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema, em Lisboa, pela edição do segundo volume da sua obra literária, "Crónica de Sentimentos", e de um catálogo da exposição de Serralves que reúne um conjunto muito significativo de ensaios e textos inéditos sobre a obra do cineasta.

"O catálogo da exposição reúne sete narrativas do Alexander Kluge que incidem sobre Portugal e que são uma espécie de pequena crónica de Portugal", indicou o cocurador da exposição Vicent Pauvel.

Esses textos são precedidos por uma introdução que Kluge fez para o catálogo, onde público fica a saber, por exemplo, que o autor viveu em Portugal, durante seis meses, no início dos anos 80, e na sequência do desastre de Chernobyl.

Pauval, que fez uma síntese do percurso do cineasta alemão, considera que a mostra patente na Casa do Cinema de Manoel de Oliveira é "um excerto de uma "enciclopédia dos sentimentos"", onde o autor pretende estimular, através da polifonia, o discernimento e a imaginação do visitante.

Pensada como um "enorme caleidoscópio", a exposição pretende promover o confronto entre narrativas, histórias e personagens diferentes, colocando o visitante no centro de uma exposição sem linha orientadora, em que lhe cabe o pensamento e a síntese da observação.

Nascido em 1932, o escritor, cineasta e filósofo Alexander Kluge produziu, ao longo de sessenta anos, uma vasta obra fílmica que gravita em torno da ficção, das ciências sociais, da teoria do cinema, da história e da televisão.

Assistente de Fritz Lang, no início da carreira, e colaborador próximo de Thomas Adorno, Kluge, nome do novo cinema alemão que se afirma nos anos de 1960/1970, "revela um pensamento fulgurante marcado por uma profunda consciência crítica sobre a História da Alemanha e sobre a contemporaneidade", escreveu a Cinemateca Portuguesa.

Com curadoria de António Preto e Vincent Pauval, a exposição patente na Casa do Cinema de Serralves é inaugurada na quinta-feira.

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