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Educação

Procuram-se candidatos para colégios que formam reis, bispos e ministros

03 jan, 2021 - 18:04 • Filipe d'Avillez

O que têm em comum João Gomes Cravinho, o Rei da Holanda e o novo bispo de Trondheim, na Noruega? Todos completaram o secundário num colégio internacional criado com o objetivo de formar futuros líderes para a paz.

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A Associação UWC Portugal está à procura de candidatos para ocupar as várias vagas que tem para oferecer em alguns dos 18 colégios que existem em várias partes do mundo.

Os United World Colleges (Colégios do Mundo Unido) foram criados no início dos anos 60 pelo pedagogo Kurt Hahn, um judeu alemão que teve de fugir para o Reino Unido durante o regime Nazi.

Já no Reino Unido, e profundamente marcado pelo horror da Segunda Guerra Mundial, Hahn criou o United World College do Atlântico, num castelo no País de Gales, com o objetivo de formar futuros líderes de diferentes culturas e nacionalidades. A ideia de Hahn era contribuir para criar uma geração de homens e mulheres que ocupariam cargos de destaque nos seus países, mas que estariam munidos de uma experiência e de amizades com pessoas semelhantes, mas de diferentes culturas, derrubando assim barreiras de inimizade e de desconfiança.

O Colégio do Atlântico ainda existe e desde essa altura já formou milhares de alunos, entre eles o atual Ministro da Defesa de Portugal, João Gomes Cravinho; o Rei da Holanda, Guilherme Alexandre e o recém-nomeado bispo de Trondheim, na Noruega, Erik Varden. Outros ex-alunos incluem políticos, astronautas, filantropos e artistas.

Entretanto a rede de colégios cresceu e atualmente existem 18 em todo o mundo, incluindo na China, na Bósnia e em Eswatini, ex-Swazilândia, nos quais estudam 21 portugueses.

Os alunos são escolhidos pelas associações nacionais e o critério continua a ser o do perfil, que se sobrepõe apenas ao mérito académico. Cada país tem o seu sistema, mas em Portugal os candidatos pré-selecionados com base na ficha de candidatura e cartas de recomendação costumam passar um fim-de-semana em conjunto antes de serem entrevistados individualmente. A capacidade monetária não é um critério de seleção, mas os alunos de famílias com necessidades financeiras poderão beneficiar de bolsas que podem chegar aos 100%.

Os colégios lecionam o 11.º e 12.º ano e o sistema de ensino é o International Bachalaureate, ou IB, que é aceite pelas principais universidades internacionais, sendo reconhecido pelo Ministério da Educação em Portugal.

“Vivemos em comunidade, uma comunidade diversificada em tradições e ideais, mas que vive no respeito mútuo. É mesmo fascinante como é que sendo tão diferentes é possível esta harmonia. Se conseguimos fazer isto numa pequena escala porque não fazê-lo também a nível mundial?”, diz Andreia, ex-aluna do Colégio de Changshu, na China.

“Somos encorajados a nunca ter medo de partilhar a nossa opinião, mas, mais importante, somos encorajados a fazer a diferença na vida dos outros. Mesmo se começarmos pelas coisas mais simples. O UWC deu-me um novo começo, uma oportunidade de tentar algo novo todos os dias, de fazer algo para este mundo em que vivemos e de expressar sempre a minha opinião”, acrescenta Francisca, que estudou no Colégio do Atlântico.

Atualmente a Associação Portuguesa dos UWC procura candidatos para os próximos dois anos letivos. As candidaturas estão abertas até ao dia 9 de janeiro e toda a informação necessária pode ser encontrada na página da APUWC.

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