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“Talvez uma App”. Duas escritoras, uma associação e um livro imaginam o futuro

10 dez, 2020 - 13:00 • Fábio Monteiro

Isabel Alçada e Ana Maria Magalhães, autoras da série “Uma Aventura”, lançaram na quarta-feira o livro “Talvez uma App”, numa parceria com a Associação Portuguesa de Seguradores (APS). “Pensámos que quando fossemos velhas já não ia haver carros, as pessoas iam sair pela janela, com fatos antigravitacionais. Enfim, imaginávamos que o mundo teria uma grande transformação, mas era de outra ordem”, conta Ana Maria Magalhães à Renascença.

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Uma aplicação, uma ideia de negócio (que falha) e um grupo de amigos. De forma muito sucinta, mas sem desvendar o âmago da narrativa, esta é uma possível sinopse de “Talvez uma App”, livro que Isabel Alçada e Ana Maria Magalhães, autoras da série “Uma Aventura”, acabam de publicar, numa parceria com a Associação Portuguesa de Seguradores (APS).

Manel Ricardo, o personagem principal, nas palavras de Ana Maria Magalhães, é “um rapaz muito criativo, mas muito impulsivo, que procede sem pensar, sem refletir e que estampa com as suas iniciativas”.

O jovem cria uma aplicação que permite às pessoas reservar mesa em bares, com o intuito de levar pessoas para um em particular, mas, escusado será dizer, as coisas não correm como o esperado. Manel não é o arquétipo de um Mark Zuckerberg português. Na verve contemporânea, é um empreendedor que falha.

A APS deu o mote da história – “a construção de apps ligadas ao setor segurador” – e as autoras tomaram o leme literário, estudaram a fundo o “tema”. “Ficámos muito admiradas com a quantidade de apps que já existem para a variedade de situações, mas acho que isto ainda é só um começo”, conta Ana Maria Magalhães, em declarações à Renascença.

Para não correrem o risco de serem apanhadas em falso por leitores jovens, as escritoras socorreram-se de especialistas da APS para “rever” a história. “Tentamos perceber sempre muito bem os assuntos para depois os tornar acessíveis de uma forma simples. Porque se a pessoa não perceber não consegue transmitir nada”, diz Isabel Alçada, em declarações à Renascença.

“Talvez uma App” é o sétimo livro da série “Seguros e Cidadania” promovida pela Associação Portuguesa de Seguradores. Segundo Ana Maria Magalhães, a sinergia entre as autoras e a organização é natural, já que implica divulgar a ideia “que a cidadania implica a segurança e os seguros são uma maneira de todos colaborarmos para que quem precisa seja atendido”.

“É uma ideia que aqui em Portugal existe desde D. Dinis, quando este fez aquela primeira espécie de companhia de seguros em que todos os indivíduos que têm navios e que fazem negócios com a Flandres dão um tanto para que, quem é assaltado no mar, ou sofre um naufrágio ou um incêndio, possa ver os seus danos resolvidos com o dinheiro de todos”, explica.

O objetivo da série “Seguros e Cidadania” é “explicar aos mais jovens, de forma simples, o que são os seguros, a razão da sua existência e para que servem, esta sensibilização é fundamental, pois permite consciencializar os jovens sobre o que é o risco e como poderá ser evitado”, diz José Galamba de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Seguradores, em declarações à Renascença.

A edição deste ano “ganha particular relevância no atual cenário pandémico, que exigiu a aceleração dos processos de digitais”. “O tema abordado pelo livro, em particular, revela como o setor segurador tem recriado, através das apps, soluções cada vez mais eficientes, nas diferentes vertentes da sua atividade, para colmatar as novas necessidades”, explica.

O espanto do momento presente

Isabel Alçada e Ana Maria Magalhães conhecem-se e trabalham em conjunto há largos anos. As duas escritoras estão já na casa das sete décadas de vida, mas tentam, claro, manter-se sempre ligadas ao presente.

Escrever histórias de aventuras antes do mundo digital, porventura, era mais fácil. “Quando só havia cartas e telefones, e não havia os instrumentos digitais, para construir uma história de aventuras era mais fácil que as personagens tivessem dificuldade em comunicar, em que o risco fosse acrescido porque não podiam pedir socorro nem podiam avisar ninguém que estavam numa situação difícil”, diz Isabel Alçada.

Em todo o caso, as aplicações são apenas o “empecilho” narrativo mais recente. No decurso da escrita da coleção 'Uma Aventura', as autoras tiveram que introduzir, “numa primeira fase os computadores, e depois os telemóveis, presentes sempre, omnipresentes, os tablets.”

“Tem que se inventar situações em que as personagens estejam em risco e que, por exemplo, podem ter um telemóvel e não ter rede. Logo, não podem comunicar. E então pode haver uma falha de eletricidade, e então não podem também mandar uma mensagem”, diz Isabel Alçada.

Ana Maria Magalhães confessa que esperava, em criança, que o século XXI fosse de outra maneira. Por exemplo, “que viessem os extraterrestres, os discos voadores”. “Tanto uma como outra, eu e a Isabel não nos conhecíamos em pequenas, pensámos que quando fossemos velhas já não ia haver carros, as pessoas iam sair pela janela, com fatos antigravitacionais. Enfim, imaginávamos que o mundo teria uma grande transformação, mas era de outra ordem. Afinal, foi uma surpresa.”

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