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Évora reza pela pandemia nas festividades em honra de Nossa Senhora da Saúde

27 jun, 2021 - 08:03 • Rosário Silva

A Real Irmandade de Nossa Senhora da Saúde de Évora não baixou os braços e, com as devidas cautelas, celebra a sua patrona, na Igreja de Santo Antão, em pleno coração da cidade.

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Com a devida prudência e tendo como intenção pedir o fim da pandemia, a Real Irmandade de Nossa Senhora da Saúde de Évora volta a organizar, entre 1 e 4 de julho, na Igreja de Santo Antão, as festas em honra da sua patrona.

A preparação da solenidade começa com um tríduo, com a recitação do terço diante da imagem de Nossa Senhora, entre 1 e 3 de julho e uma missa com Unção dos doentes.

“Por ser a Senhora da Saúde, e nós gostamos de relacionar os contrários, vamos fazer uma celebração comunitária da Santa Unção para os doentes, e este ano vamos ter – pelo menos estão inscritos – 27, 28 doentes”, refere à Renascença, o cónego Manuel Madureira da Silva, capelão da Real Irmandade.

O ponto alto das festividades acontece no domingo, dia 4 de julho, com o arcebispo emérito D. José Alves a presidir à celebração eucarística em honra de Nossa Senhora da Saúde, a partir das 16h30. Segue-se um pequeno cortejo encabeçado pelos Corpos Sociais da Real Irmandade que acompanham o Santíssimo Sacramento até ao adro da igreja, frente à Praça de Giraldo, na presença da imagem de Nossa Senhora, cujo andor é transportado por militares do Exército.

“Como estamos em tempo de pandemia, a procissão pelas ruas não se faz, e a bênção para a cidade e para as pessoas é feita a partir do adro da Igreja de Santo Antão”, anuncia o capelão, recordando que uma das intenções destas celebrações, passa por pedir o fim da pandemia.

“A pandemia é um dos fenómenos que nos atacou desde há ano e meio, então faz todo o sentido termos esta relação com Nossa Senhora da Saúde, pedindo-lhe que cuide dos seus filhos”, alude o sacerdote.

A situação que se vive condiciona, também, o número de pessoas no interior da igreja. Embora as festividades da Real Irmandade sejam para toda a cidade, “não é para toda a cidade estar presente”, alerta o cónego Manuel Maria Madureira da Silva. “Nós rezamos e convidamos à oração toda a cidade, estando ou não presentes”, sublinha.

A cerimónia fica concluída com o regresso da imagem de Nossa Senhora ao interior da igreja ao som do fado pelos irmãos Inês e António Villa-Lobos. “Vamos ter dois fados cantados em honra da Senhora da Saúde e posso dizer-lhe, da experiência que temos de outros anos, as pessoas ganham uma interioridade muito grande, faz-se silêncio e é uma coisa maravilhosa”, destaca o sacerdote.

A Eucaristia Solene, agendada para as 16h30 de 4 de julho, vai ser transmitida, em direto, na página do Facebook da Arquidiocese de Évora.

Como a imagem da Senhora vai ficar no respetivo andor durante mais uma semana, a Real Irmandade, em conjunto com a paróquia, embora já não faça parte do programa religioso, decidiu programar um momento musical para a noite de segunda-feira, dia 5 de julho. A partir das 21h00, quem puder e havendo lugares disponíveis no interior do templo, pode assistir a um pequeno recital de guitarra clássica pelo Conservatório de Évora, o regresso do fado com irmãos Villa-Lobos e a recitação de poemas dedicados a Nossa Senhora.

Duzentos anos de história recuperados por um grupo de jovens

O culto a Nossa Senhora da Saúde tem pelo menos dois séculos. Gabriel Pereira, figura incontornável da história da cidade de Évora, em 1887, no seu livro

“Estudos Eborenses”, faz referência à Igreja de Santo Antão, atual sede da Real Irmandade de Nossa Senhora da Saúde, relatando a chegada da imagem, o inicio do culto e o principio das festas e procissões na cidade-museu.

Embora autores como Túlio Espanca ou Monsenhor José Filipe Mendeiros, defendam que a imagem de roca terá vindo do pequeno conventilho de Santa Margarida, nas imediações de Évora, Gabriel Pereira refere que ela chegou pelas mãos de mordomos que a terão mandado fazer.

Na sua publicação é afirmado que a imagem chegou à Igreja de Santo Antão no terceiro domingo de julho de 1816, data a partir da qual se terá começado a realizar uma grandiosa procissão.

“Foi uma época difícil e conturbada que envolveu o início deste culto Mariano na cidade de Évora, entre o fim das invasões francesas, a morte da rainha D. Maria I, o início do reinado de D. João VI e a permanência e regresso da família Real do Brasil”, conta à Renascença, Ricardo Maria Louro, Juiz da Real Irmandade que, em 2018, juntamente com outros jovens, decidiu recuperar a procissão, em sintonia com a hierarquia da Igreja eborense.

“Não foi fácil recuperar esta tradição, mas Nossa Senhora queria sair para a rua e os caminhos foram-se abrindo mesmo diante das dificuldades”, sublinha o impulsionador desta hercúlea iniciativa, que foi à história procurar as características da fundação das irmandades “para fazermos uma coisa com rigor, buscar os seus valores e atualizá-los, mas sem perder o fio condutor.”

Deste longo percurso, há ainda a sublinhar um interregno nas festas em honra da Virgem e da centenária procissão, que ocorreu em 1974, por razões políticas, já que era o Exército e as forças militarizadas da cidade, quem as promovia.

“Desde então, a imagem era descida do nicho, vestida e adornada pelas suas fiéis aias, realizava-se o Tríduo e uma missa solene com Unção dos doentes e regressava ao seu altar. Foi assim por mais de 40 anos”, conta-nos, Ricardo Maria Louro.

A Irmandade de Nossa Senhora da Saúde de Évora nasce em 2018 com a aprovação dos seus primeiros estatutos, num processo que viria a ser homologada pelo arcebispo de Évora, D. Francisco Senra Coelho.


Em julho de 2019, D. Isabel de Herédia, Duquesa de Bragança, toma posse como madrinha da Irmandade e Aia de Nossa Senhora da Saúde. Meses depois, o seu marido, D. Duarte de Bragança, assina, em Vila Viçosa, o decreto de alvará que concede à Irmandade, o titulo de Real Irmandade.

De então para cá, as festas ganharam um novo fôlego, apenas estrangulado, ainda que temporariamente, pela pandemia. Apesar disso, a Real Irmandade não quis deixar de assinalar o dia da sua patrona, mesmo sem poder realizar a solene procissão, adaptando-se às circunstâncias.

“Temos como objetivo rezar pelo fim da pandemia, rezar pela paz dos mortos vítimas da mesma, rezar pela cura dos enfermos da pandemia, pedir proteção para aqueles que não se infetaram, não se infetem, e isto tem a ver também com a inteligência das pessoas e a relação entre elas, e pedir, também, auxilio para que este processo de vacinação se concretize, complete e seja eficaz”, concretiza o responsável.

Real Irmandade criou Casa da Bênção para auxiliar quem mais precisa

Com quatro anos de existência, a jovem equipa da Real Irmandade, que conta já com quase uma centena de Irmãos, não quis ficar apenas pelas celebrações religiosas. Em janeiro deste ano, respondendo ao apelo do arcebispo de Évora, D. Francisco, enveredou também pelo trabalho de cariz social.

“Constituímos um ‘braço’ da Irmandade a que chamamos Acão Social da Real Irmandade – Casa da Bênção e, no anexo que nos foi cedido pelo pároco de Santo Antão, onde funcionava a Caritas paroquial, temos agora um grupo de senhoras que gere o espaço, além de termos feito um contrato com o Banco Alimentar”, adianta Ricardo Maria Louro.

Apesar da atividade recente, a Casa da Bênção já dá apoio a 50 pessoas, cerca de 20 agregados familiares, entre idosos, deficientes ou pessoas que ficaram sem emprego.

“Abrimos, também, uma conta bancária para recebermos donativos, para medicação ou até bens alimentares, recebemos roupa que é tratada, arranjada, vamos enviar em breve várias caixas para África, para não falar das visitas que fazemos aos doentes e necessitados”, acrescenta o Juiz da Real Irmandade.

Por agora, é necessário consolidar toda esta atividade que cresceu bastante em tempo de pandemia, “com muitas misérias encobertas”, sendo que há sempre espaço para novos projetos.

Disponibilidade é a palavra que caracteriza a nossa missão, à semelhança de Nossa Senhora”, conclui Ricardo Maria Louro.

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