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Paróquia de Tavira inaugura coleção de arte sacra

08 dez, 2019 - 13:09 • Ana Lisboa

Cerimónia está marcada para este domingo às 16h. A mostra estará aberta ao público na Igreja de Santa Maria do Castelo.

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Intitulada “Assim na terra como no céu”, a exposição patente desde este domingo na Igreja de Santa Maria do Castelo, em Tavira, torna ainda mais clara a forte ligação da cidade à fé católica.

De acordo com os seus curadores, Marco Lopes, Diretor do Museu Municipal de Faro e Daniel Santana, Técnico de Património da Câmara Municipal de Tavira, há “uma forte carga religiosa e espiritual que tem repercussão natural na história, na arquitetura e na arte em Tavira, quer na conquista do território, na administração dos templos, na construção de novos edifícios religiosos e nos hábitos sociais da comunidade local, que participa nos ofícios litúrgicos ou nas procissões”.

Os considerados tesouros artísticos da Paróquia de Tavira vão ter “textos explicativos, que desenham um fio condutor entre a história de Tavira e a vida religiosa local durante os séculos XV e XVIII”, explicam estes responsáveis, que acrescentam que houve o cuidado de que as peças não se se limitassem a ter “uma legenda lacónica, com data e títulos, mas a uma descrição breve do seu significado histórico e artístico”.

Todos estes textos serão também traduzidos para língua inglesa, já que a cidade é muito frequentada por turistas estrangeiros, que deste modo poderão acompanhar “todo o raciocínio da exposição e a identidade das peças”, salientam os dois especialistas pela preparação e organização da coleção que, em breve, também terá “um catálogo, com textos mais desenvolvidos em relação aos temas e às peças em exibição”.

Os visitantes podem encontrar “essencialmente peças de caráter religioso, com funções devocionais, usadas em contexto de cerimónia litúrgica ou como elementos de culto”, como por exemplo, desde “pinturas, a imagens religiosas de vulto, passando por extraordinárias peças de arte nanbam, paramentaria, livros e ourivesaria, muitos deles originais de Santa Maria, outros de Santiago e alguns de São Paulo”.

Envolvido neste projeto esteve também o Pároco de Tavira. Desde que chegou a esta Paróquia em 2017, o Padre Miguel Neto tem tido como uma das suas maiores preocupações a salvaguarda do património e a sua disponibilização ao público, bem como a recuperação deste acervo tão vasto e importante.

Reconhece, por isso, que “desde logo a minha inquietação foi encontrar formas, nomeadamente ao nível dos recursos financeiros, para poder investir num projeto deste tipo”, explicando que “as receitas geradas pela cobrança de entradas e pela loja da ARTgilão são as que efetivamente custearam esta mostra, pois não há investimento algum de dinheiro público neste projeto e ele monta os 22 mil euros”.

Também os dois especialistas Marco Lopes e Daniel Santana consideram que este trabalho que agora se torna público “é acima de tudo um ato de respeito e dignificação do património e da memória histórica, quer da cidade, quer da paróquia”, assim como “um sinal dos novos tempos, em que estes tesouros começam a ser valorizados do ponto de vista expositivo, mas também da sua conservação e da sua divulgação turística”.

E admite que “se hoje em dia as igrejas valem por si enquanto espaços de interesse cultural e turístico, esta exposição, vem ampliar a oferta do roteiro de visitas nos espaços religiosos e no centro histórico de Tavira”.

Para o Padre Miguel Neto, este é apenas mais um passo no trabalho que há pela frente e reconhece que “gostava, um dia de poder apontar Tavira como um exemplo no que toca à conservação do património e, para isso, conto com a colaboração de todos, pois este é um trabalho que vale a pena, sobretudo porque não pensamos somente em nós, mas nas gerações futuras, que merecem ter uma cidade especial, onde a Fé é uma marca identitária, com um património religioso devidamente cuidado”.

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