Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

Papa beija os pés a líderes do Sudão do Sul e pede que não regressem à guerra

11 abr, 2019 - 17:49 • Filipe d'Avillez

“Haverá muitos problemas, mas não nos vencerão”, disse Francisco aos líderes do Sudão do Sul, apelando a que respeitem o acordo de paz no país.

A+ / A-
Papa surpreende líderes do Sudão do Sul e beija-lhes os pés
Papa surpreende líderes do Sudão do Sul e beija-lhes os pés

O Papa Francisco surpreendeu esta quinta-feira ao beijar os pés dos dois líderes do Sudão do Sul que estiveram durante dois dias em retiro espiritual, numa iniciativa conjunta com o arcebispo de Cantuária, líder espiritual da Comunhão Anglicana.

O gesto apanhou desprevenidos o Presidente Salva Kiir e o seu antigo adjunto Riek Machar, com quem se incompatibilizou depois de garantida a independência do país africano.

Com ajuda, Francisco colocou-se de joelhos e perante o ar estupefacto dos presentes, beijou os pés calçados dos dois líderes sul-sudaneses, pedindo que respeitem o acordo de paz assinado recentemente e formem um governo de unidade.

“Estou-vos a pedir como irmão para permanecerem em paz. Estou-vos a pedir do coração, vamos caminhar em frente. Haverá muitos problemas, mas não nos vencerão. Resolvam os vossos problemas”, disse.

O Sudão do Sul separou-se do Sudão em 2011, depois de décadas de guerra civil. O sul e o norte do país estavam separados por muitos fatores, incluindo etnia, mas também religião, com a maioria dos sudaneses do sul a praticarem o cristianismo ou religiões tradicionais e o norte preponderantemente muçulmano.

A esperança que acompanhou a independência cedo se transformou em desespero, contudo, com o país a mergulhar numa sangrenta guerra civil de que ainda não conseguiu sair.

O retiro espiritual foi uma proposta conjunta da Igreja Anglicana e da Igreja Católica para tentar resgatar o processo de paz e o arcebispo de Cantuária também esteve presente. Perante o gesto de Francisco, Justin Welby teve de se esforçar para conter as lágrimas e disse aos líderes africanos “escutámos o apelo profético de um Cristo. Agora fazemos de vós embaixadores da paz”.

No Sudão do Sul, entretanto, vivem-se horas de alguma ansiedade perante a notícia da queda do ditador do vizinho Sudão, Omar al-Bashir. O antigo inimigo do Sudão do Sul, que liderou a guerra contra a região, foi deposto pelas Forças Armadas, mas em Juba teme-se que qualquer instabilidade a norte possa transpor as fronteiras e afetar o processo de paz.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Sasuke Costa
    12 abr, 2019 10:34
    Para mim naturalmente, o Homem é um ser abstracto de duas lógicas que batalham entre si, neste dualismo em que se conjuga nunca existe uma nítida separação para quem não quer entrar na batalha. Ingovernável seria se o mesmo Homem não pudesse somar dividendos numa das partes, ingovernável seria o homem sem Deus que operacionalizando este dualismo veio permitir ao homem o poder de compreender a sua essência. Este gesto choca-nos tal como chocou aos apóstolos o martírio de Cristo, como pode Deus consentir que o seu próprio filho seja desta forma tratado? Para esta semente que quer romper e a oração não deixa entrar sem ser anunciada a justificação é clara mas infundada.

Destaques V+